Quem tem um imóvel sem uso costuma procurar uma imobiliária e colocá-lo para alugar, a fim de garantir uma renda extra mensal. Ao mesmo tempo, ainda ganha com a sua valorização ao longo dos anos. Na bolsa de valores é possível fazer algo bem parecido trocando a plaquinha de "aluga-se" da janela por um aviso à corretora de valores a imobiliária da vez que você é um "doador" de ações. Embora ainda pouco utilizado no mercado brasileiro, o interesse pelo aluguel de ações tem crescido entre os investidores brasileiros e chegou a um número recorde no ano passado. O volume financeiro movimentado em 2010 chegou a R$ 465,6 bilhões resultado de 971.558 movimentações, segundo dados da BM&FBovespa. Marca histórica, 80% superior à registrada em 2009, quando foram movimentados R$ 258,9 bilhões (711.987 operações).
Assim como no mercado imobiliário, o dono do bem (neste caso, o papel) pode oferecê-lo ao mercado, ganhando em troca um aluguel negociado entre as partes e cujo valor varia seguindo a clássica lei da oferta e da procura. "Se tem pouca gente querendo 'doar' determinado papel, o preço pelo aluguel é alto", explica o gerente-geral do Instituto Nacional de Investidores (INI), Paulo Portinho.
Esse tipo de operação, explica Portinho, é mais comum entre grandes investidores, que têm muitos papéis disponíveis e podem ter ganhos expressivos. A negociação, no entanto, é liberada também para pequenos aplicadores com a ressalva de que o ganho é pequeno e o dono não tem mais o poder de venda até que o contrato seja encerrado. "O ganho médio está entre 0,5% e 1% ao ano. É pequeno para quem opera com um volume pequeno e pode não valer a pena, porque neste período ele não pode se desfazer do papel. Dificilmente alguém vai aceitar ficar impedido de trocas de papéis por um ganho pequeno", diz o gerente.
O aluguel médio de um papel blue chip (de primeira linha) é de 0,5% ao ano. Em alguns casos, explica o educador financeiro Mauro Calil, soma-se ao custo o risco. "Quando o aluguel de uma ação está muito maior do que o de seus pares, é porque há um risco embutido de queda."
Isso porque, do outro lado da negociação, está um "tomador" que aposta na queda do papel. Alugando a ação, ele tem o direito de negociá-la. O tomador aluga, por exemplo, papéis da Vale e os vende pelo valor à vista de R$ 30. Quando a ação cai, os recompra por R$ 28 para devolver ao doador com ganho de R$ 2 por papel. "O aluguel de ações é uma operação derivativa, para quem tem medo de operações mais sofisticadas", explica Calil. "Os grandes investidores ou fundos de pensão, por exemplo, têm regras nos contratos que não podem ficar comprando e vendendo ações. Então, deixam posições grandes para serem emprestadas."
O prazo do contrato é estabelecido pelas partes, mas em geral, diz Calil, não passa de um mês. A intermediação é feita pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), que também garante que o tomador devolva os papéis no fim do contrato. Quem aluga a ação mantém seus diretos de acionista ou seja, continua com o direito a dividendos e outros proventos mas fica sem liquidez. Quem toma o papel, por outro lado, fica com o direito de negociá-la e também, no caso das ordinárias, com o direito a voto.
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