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Poupança familiar atingiu R$ 473,4 bilhões em junho, de acordo com estimativas do Cemec-Fipe.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

As famílias guardaram mais dinheiro com a crise causada pela Covid-19, aponta estudo feito pelo Centro de Estudos do Mercado de Capitais da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Cemec-Fipe). A expectativa é de que parte dos recursos guardados seja destinada ao consumo nos próximos meses.

O peso da poupança bruta, incluindo a das empresas, passou de 12,4% do PIB, no período de 12 meses encerrados em junho de 2019, para 18,2% no mesmo período de 2021, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A poupança familiar atingiu R$ 473,4 bilhões em junho, de acordo com estimativas do Cemec-Fipe. Há cinco trimestres que ela está em alta, puxada pelas restrições a determinados gastos durante o período pandêmico – viagens e lazer, por exemplo – e as incertezas com relação ao futuro.

Mas essa tendência deve perder ritmo nos próximos meses. Com um maior número de pessoas vacinadas e a forte redução nas medidas de restrição social, a expectativa é de que haja mais movimento nas lojas e maior consumo de serviços nos próximos meses. “Há uma forte relação com a evolução do afastamento social em função da pandemia e do processo de vacinação”, diz Carlos Antônio Rocca, da Cemec-Fipe.

Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que a intenção de consumo teve, em setembro, o melhor resultado desde março. E as perspectivas, que medem a tendência de compras no médio prazo, alcançaram o maior nível desde maio de 2020.

Esse melhor humor do consumidor levou a entidade a reajustar as projeções para o crescimento do setor de serviços em 2021, que passou de 5,8% para 6,2%, e do comércio, de 4,5% para 4,9%.

Mas, mesmo assim, há muita cautela entre as famílias. “O cenário apresenta pontos vulneráveis. O aumento da inflação nos últimos meses reduziu o poder de compra dos consumidores, principalmente em itens duráveis”, diz o presidente da confederação, José Roberto Tadros.

Alta de preços e endividamento elevado podem limitar o consumo

Apesar do aumento da poupança, o que representa mais dinheiro para o consumo, a alta nos preços e os limites à expansão do crédito ao consumidor, face ao elevado nível de endividamento das famílias, podem limitar os gastos familiares.

A inflação está disseminada, e parte dela está concentrada em itens que são mais difíceis de cortar os gastos no curto prazo, como é o caso da alimentação no domicílio, que ficou 14% mais cara em 12 meses, e da energia elétrica, que subiu 30% nesse período, segundo a medição de outubro do IPCA-15, do IBGE.

“O endividamento das famílias está elevado. Elas têm dificuldades para fazer mais empréstimos e financiamentos”, diz Rocca. Dados do Banco Central mostram que o endividamento das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) já correspondem a 60% da renda acumulada nos últimos 12 meses. É o maior percentual da série histórica, iniciada em 2005.

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