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Pequenas madeireiras estão à beira da falência

Ao mesmo tempo em que é praticamente riscado do mapa pelas gigantes do setor, o Paraná vê várias madeireiras à beira da falência. Nos últimos três anos, as receitas foram comprometidas pela desvalorização do dólar e pela queda de 25% do preço do compensado no mercado internacional. Como muitas empresas não contam com florestas próprias, sofrem mais com o encarecimento da madeira – o preço do pínus subiu mais de 300% nesta década.

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"Hoje plantamos 120 milhões de mudas por ano. Deveriam ser 216 milhões. Se fizermos a lição de casa, só vamos equilibrar o cenário em 2024." O diagnóstico do chefe da divisão de cultivos florestais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), Amauri Ferreira Pinto, mostra que a escassez de madeira ainda dará muita dor-de-cabeça aos compradores – e lucro certo aos plantadores.

"É o que tentamos passar ao pequeno agricultor. Quem investir vai ganhar dinheiro", diz o engenheiro. Ele diz que a taxa de retorno da chamada "poupança verde" é imbatível até se comparada à do mercado financeiro: chega a 37% ao ano. Na melhor fase da soja, há quatro anos, o índice não passou de 24%. Mas a floresta exige paciência: a primeira colheita será feita, no mínimo, seis anos após o plantio.

Para a Seab e mais de 30 entidades paranaenses da área ambiental, social e econômica, a solução para a falta de madeira está em convencer quem planta grãos e cria gado leiteiro a continuar nessas atividades – mas destinando até 30% de sua "propriedade líquida" (que exclui a reserva legal e as áreas de proteção permanente) ao cultivo de pínus ou eucalipto. Surgiria, assim, o chamado "mosaico florestal". "O pequeno produtor será induzido a ocupar com madeira apenas os terrenos que são ruins para outros cultivos", explica Roberto Gava, presidente da Associação Paranaense das Empresas de Base Florestal (Apre), que participou da elaboração do Programa Florestal Produtivo do Paraná, também conhecido como Programa Floresta Madeira 100 (PFM 100).

O número se refere à intenção de abranger um século de cultivo, período que compreende pelo menos cinco "safras" de madeira. A área ocupada atualmente pelo cultivo varia conforme a estatística – a Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf) fala em 808 mil hectares, enquanto a Seab estima 620 mil, com predominância do pínus (85% do total). A intenção do PFM 100 é elevar esse número para 2 milhões de hectares em 20 anos, fazendo com que as florestas plantadas ocupem cerca de 10% do território paranaense – hoje não chegam a 4%, enquanto culturas como soja, milho, trigo, feijão e cana dominam 41% do território.

Segundo Amauri Ferreira Pinto, da Seab, há oito anos o governo atua em parceria com o setor privado em um programa de fomento que envolve 28 mil pequenos produtores, com área total de 35 mil hectares. As empresas fornecem as mudas, a Emater entra com a assistência técnica e o produtor se compromete a vender sua produção às companhias caso elas ofereçam o valor de mercado.

A intenção do PFM 100 é atingir mais de 140 mil produtores, do total de 300 mil agricultores do estado. "O modelo atual funciona muito bem nas regiões em que há empresas de base florestal. O problema está nos outros locais, onde é difícil conseguir mudas e crédito", diz o engenheiro da Seab. Apesar disso, o programa já exibe bons resultados, e os produtores que beneficiam parte da madeira ganham ainda mais. "O preço médio da tora é de R$ 80 por metro cúbico. Se o produtor retirar a costaneira [casca] e vender só o restante, o valor salta para R$ 160."

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