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Os professores Nathan Mendes, à esquerda, e Ricardo Diego Torres, da PUCPR: exploração no pré-sal cria demanda por novos equipamentos e ferramentas | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Os professores Nathan Mendes, à esquerda, e Ricardo Diego Torres, da PUCPR: exploração no pré-sal cria demanda por novos equipamentos e ferramentas| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Propostas

Veja quais são as ações propostas para impulsionar o empresariado do Paraná:

Qualificação de Mão de Obra

- Centralização e utilização de banco de dados único, com informação da mão de obra disponível no estado para a cadeia de P&G;

- Viabilização de bolsas, para estudantes de engenharia serem alocados na empresa;

- Disponibilização de cursos para desempregados na área de petróleo e gás, em ambiente empresarial com contato direto com as empresas.

Inovação e Tecnologia

- Mecanismo de comunicação empresa /universidade;

- Viabilização de célula de P&D nas empresas através do Instituto de Petróleo e Gás da Universidade Federal do Paraná;

- Desenvolvimento do Centro de Excelência Tecnológica do estado na área de petróleo e gás.

Qualificação e Capacitação de Fornecedores

- Criação de Cartilha ABC do Pré- Sal, para fornecedores da cadeia;

- Viabilização de consultoria permanente pós qualificação;

- Intercâmbio de empresas nacionais com estrangeiras em qualificação de petróleo e gás.

Políticas Públicas

- Manual de instrução "Passo a Passo do Repetro;

- Criação de comitês de discussão a nível estadual;

- Viabilização de programa de mobilização dos municípios.

Captação e Fomento

- Projeto de estudo da estrutura de crédito da cadeia de petróleo e gás;

- Criação de Fundo Estadual Privado de Crédito, nos moldes do Fundo Garantidor de Crédito;

- Estruturação de ambiente de negócios, onde empresas nacionais e estrangeiras estabeleçam associações, joint venture e consórcios.

FONTE: Câmara de Petróleo e Gás, Federação das Indústrias do Paraná.

Setor precisa treinar 212 mil profissionais

São Paulo - Além da falta de estrutura e capacidade produtiva na indústria, é preocupante no setor de petróleo a falta de mão de obra qualificada para atuar no setor, segundo especialistas. Estima­­tivas do governo indicam que é preciso treinar 212 mil pessoas de 2010 a 2014 para atender ao crescimento da demanda da Petrobras prevista para o período.

Essa conta, feita pelo Pro­­gra­­ma de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo (Prominp), pode ser considerada até mesmo conservadora, já que não considera a demanda por esta mão de obra especializada entre outras petroleiras nacionais e estrangeiras que devem aumentar suas atividades no país nos próximos anos.

Para o professor de Enge­­nha­­ria do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Ca­­tólica (PUC-Rio), Eduardo Tadeu, além da necessidade de formar rapidamente este exército de engenheiros, há um fator preocupante no imenso intervalo não só etário, mas de conhecimento tecnológico existente entre os técnicos mais antigos da Pe­­trobras e os que estão saindo hoje das universidades. "O problema é que a escassez deste tipo de mão de obra faz com que o rapaz que sai da faculdade assuma um cargo elevado, que em condições normais levaria anos para chegar, depois de acumular muita experiência."

Isso faz, segundo o professor, com que o recém-formado tenha o conhecimento para lidar com a última tecnologia, mas para aplicar corretamente esta técnica ele ainda precisa da experiência acumulada dos engenheiros "cabeças brancas", como são chamados os técnicos de alto gabarito aposentados ou por se aposentar.

"O ideal é que ambos se completem em seus diferentes níveis de conhecimento", avalia o professor, destacando que hoje o que tem sido comum é a troca de experiências com profissionais internacionais. "O interessante é aumentar este intercâmbio para que o conhecimento tecnológico já existente nos outros países migre para o Brasil, em vez de termos que trazer o profissional lá de fora", comentou.

Agência Estado

Investimentos

Veja em que e quanto será investido:

R$ 1.305.241,50

Centro de Caracterização de Materiais e Componentes para Aplicações em Condições Severas.

R$ 750.800,71

Modernização e adequação de infraestrutura do Programa de Pós-Graduação em Informática da PUCPR.

R$ 468.671,96

Subprojeto do programa de Pós-Graduação em Direito.

R$ 329.520,00

Implantação de estrutura de core-facility para pesquisa básica e aplicada no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da PUCPR.

R$ 781.113,53

Infraestrutura laboratorial de Inovação Tecnológica e Práticas Urbanas Sustentáveis.

R$ 1.046.775,30

Modernização e adequação de infra-estrutura em equipamentos das unidades multiusuário do Programa de Pós Graduação de Ciência da Saúde.

Após um período de inação em relação às oportunidades geradas pela exploração do pré-sal, o Paraná começa a mostrar iniciativa para aproveitar o boom do petróleo brasileiro. Com recursos do governo federal, as primeiras medidas estão saindo de dentro das instituições de ensino do estado.

Pesquisadores do curso de Engenharia Mecânica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) estão desenvolvendo dois projetos técnico-científicos para a exploração de petróleo ultraprofundo. De acordo com o professor Ricardo Diego Torres, envolvido nas duas pesquisas, o objetivo de um dos estudos é aplicar uma nova tecnologia de revestimentos finos para resolver problemas de componentes do pré-sal. "Com o pré-sal, os equipamentos [de exploração de petróleo] começaram a mudar. Tudo que se utilizava para trabalhar até dois, três mil metros de profundidade, não pode mais ser utilizado. O pré-sal exige novos materiais", diz.

Coordenado pela PUCPR, o projeto recebeu R$ 1,7 milhão para compra de equipamentos e envolve outras instituições de ensino, como Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Universidade de São Paulo (USP). Os recursos foram obtidos através de um edital lançado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Ministério da Ciência e da Tecnologia. Ao todo, a universidade recebeu R$ 4,7 milhões para investir em infraestrutura de pesquisa, o segundo maior volume entre as 25 instituições de ensino superior privadas do país contempladas pela Finep.

Outro objeto de estudo serão as superfícies dos equipamentos. Segundo o professor Torres, os materiais convencionais têm basicamente o mesmo tratamento de superfície dos equipamentos usados no pré-sal, a pintura. "Uma das propostas do projeto é substituir alguns tratamentos convencionais, que geram passivos ambientais, por um tratamento menos agressivo. Vamos depositar um revestimento mais fino na superfície, mas com característica muito superior ao usado atualmente", conta.

Nesta pesquisa estão envolvidos oito professores da PUCPR e 17 pesquisadores de outras instituições. "Cada universidade tem uma atividade para cumprir. Vamos realizar reuniões trimestrais para avaliar os avanços e chamar as empresas para mostrar os resultados.", explica.

Condições severas

Outro projeto do PUCPR, contemplado com R$ 1,3 milhão em recursos da Finep, é a criação Centro de Caracterização de Materiais e Componentes para Aplicações em Condições Severas.

De acordo com o professor Torres, a região do pré-sal é uma condição severa, que envolve altas taxas de pressão, de gás e corrosão. "Não é a única condição severa que o laboratório vai trabalhar. Estamos desenvolvendo um projeto com uma instituição do México que envolve altas temperaturas", diz.

De acordo com o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da PUCPR, Nathan Mendes, os projetos vieram em uma boa hora. "Existe uma necessidade de formação de engenheiros bem capacitados em todas as áreas, principalmente do pré-sal. É um trabalho de longo prazo. As pesquisas estão na fase embrionária e o pré-sal também", conclui.

Pré-sal e universidades

A Finep está investindo direta e indiretamente em projetos voltados para pesquisas na área do pré-sal. Apenas em 2010, a entidade financiou R$ 130 milhões, que foram contemplados através de dois editais ao longo do ano. Parte do dinheiro, R$ 30 milhões, foi para apoiar a criação, adequação e a capacitação de laboratórios de instituições científicas e tecnológicas para atender às demandas dos fornecedores da cadeia de petróleo e gás.

A outra parte dos recursos será direcionada para o desenvolvimento de projetos de cooperação entre empresas da cadeia do setor petroleiro e instituições de pesquisa científica e tecnológica que ofereçam soluções para os desafios tecnológicos gerados ou ampliados a partir das descobertas de reservas na camada do pré-sal.

De acordo com Edgard Rocca, chefe do Departamento de Difusão Tecnológica da Finep, os financiamentos visam o fortalecimento da cadeia produtiva do setor de petróleo e gás. "A demanda quantitativa e qualitativa será enorme. Os financiamentos são uma tentativa de antecipação aos desafios que já estão sendo gerados por esta nova conjuntura tecnológica que envolve o pré-sal", afirma.

Empresas do estado começam a se organizar

Além das universidades, os empresários paranaenses também estão de olho nas oportunidades de negócio que a exploração do petróleo na camada do pré-sal pode proporcionar. Para impulsionar a participação do empresariado estadual, a Câ­­mara de Petróleo e Gás, articulada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), elaborou 15 ações essenciais para que em­­presas do Paraná possam aproveitar os investimentos, que apenas no caso da Petrobras, chegarão a R$ 224 bilhões até 2014.

De acordo com o secretário executivo da Câmara, Jean Car­­los Alberini, as ações foram criadas com base em 20 reuniões realizadas ao longo de 2010. "Dividimos os trabalhos em cinco grupos, com temas diferentes. Algumas ações estão em andamento, principalmente as que tratam da qualificação de mão de obra. Temos uma parceria boa com Secretaria de Estado do Emprego e Trabalho neste sentido", explica.

Segundo Alberini, o número de empresas paranaenses que atuam no setor de petróleo e gás é muito baixo, entretanto, o estado tem grandes chances de se inserir na cadeia produtiva que será ge­­rada pela exploração do pré-sal. "Acho que temos tudo para participar efetivamente, mas precisamos respeitar as nossas limitações. Por exemplo, nós acreditamos que uma das vocações do es­­­tado é a questão logística. Te­­mos uma estrutura logística es­­tru­­tura­­da, adequada, que pode ser perfeitamente utilizada", afirma.

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