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O dólar em seu menor patamar em seis anos, o frenesi que toma conta do mercado interno de automóveis e os acordos comerciais com países latinos têm trazido ao Brasil uma enxurrada de carros importados nos últimos meses, e o Paraná se tornou uma importante porta de entrada para este tipo de produto. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a importação de veículos com motor 1.5 a 3.0 pelo Paraná cresceu mais de seis vezes nos últimos 12 meses encerrados em abril, se comparada aos 12 meses encerrados em abril do ano passado. O aumento é verificado tanto no valor das compras quanto em unidades. Para se ter uma idéia, as fábricas aqui instaladas (Volkswagen, Renault e Nissan) trouxeram de fora do país 31.706 carros nos 12 meses até abril, ante 5.009 no período anterior.

Na média nacional, o número de carros importados no período de 12 meses encerrado em abril mais que dobrou na comparação com intervalo imediatamente anterior, saltando de 66 mil unidades para quase 140 mil. A variação ocorre em todo o país, mas em nenhum outro estado o crescimento das compras externas foi tão expressivo quanto no Paraná. Apesar desse aumento nas compras, o saldo comercial ainda é positivo para o Brasil. Atualmente, para cada carro que entra no país, mais de três são vendidos para o exterior, numa relação de 1 para 3,5. No Paraná, a relação é de 1 para 2,5. Mas há quem diga que não vai demorar muito para que a balança pese negativamente para o lado brasileiro.

"Acredito que em mais um ano ou dois já chega a ‘um pra um’. É só o dólar continuar neste valor, ou ainda mais baixo, e o mercado interno continuar aquecido", afirma o professor de Relações Internacionais João Paulo Veiga, da Universidade de São Paulo (USP). As apostas do mercado financeiro para a cotação do dólar no fim do ano estão em R$ 2, e o setor automotivo já não duvida que este será o melhor ano da história. Até o mês de maio, foram vendidos 880 mil carros no país (nacionais e importados), resultado 27% maior que nos primeiros cinco meses do ano passado, o que levou a associação dos fabricantes (Anfavea) a rever estimativas e prever 2,2 milhões de carros vendidos no ano todo.

Se o apetite dos brasileiros por carro zero por si só já pode elevar a chegada dos importados, contribuem ainda a transferência de algumas linhas de produção para outros países e os acordos bilaterais firmados entre o Brasil e outros países – principalmente a Argentina e o México, que respondem, juntos, por quase 65% da importação brasileira de automóveis. "Os acordos são um ponto central. Isso ajuda muito porque o Brasil ainda tem taxa de importação muito elevada, de 35%", explica o professor de Economia e Relações Internacionais das Faculdades Curitiba, Rafael Ranieri.

Além disso, em tempos de Mercosul, a Argentina tem se mostrado bem mais interessante para a fabricação de automóveis que o Brasil. "Nos últimos anos as montadoras têm preferido expandir a capacidade industrial na Argentina. A mão de obra é mais barata, a carga tributária é um pouco menor e o mercado interno está crescendo muito mais que o nosso, sem contar que o câmbio é mais favorável à exportação", avalia o consultor do setor automotivo Richard Dubois. A economia dos "hermanos" tem crescido a taxas de 8% ao ano, e a expansão do mercado automotivo no ano passado ficou na casa dos 15%.

Fatores como este têm despertado a atenção das montadoras. A Nissan, por exemplo, não descarta produzir no país vizinho alguns veículos do projeto Shift Mercosul, que prevê o lançamento de seis novos carros a serem produzidos na América Latina. "Três deles serão produzidos fora do Mercosul [provavelmente no México], e três dentro do Mercosul. Certamente alguns destes três serão fabricados no Brasil. Mas, como parte de nossa estratégia industrial, nós também consideramos a possibilidade de fabricar veículos na Argentina", conta o francês Thomas Besson, presidente da Nissan Mercosul. Atualmente a Nissan não tem fábrica naquele país.

Se considerada ainda a transição da linha de montagem do Clio para a fábrica da Renault na Argentina (o modelo sedan vai em junho, e o hatch em setembro), para dar lugar à produção do Logan, é de se esperar que o saldo comercial de veículos brasileiro seja ainda mais reduzido. Só no primeiro quadrimestre do ano, a Renault vendeu 6.651 unidades do Clio hatch e 5.523 do sedan, representando 58% das vendas da marca.

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