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Altamir Abrão, gerente da Tiger, uma das 84 startups de Curitiba: foco no mercado empresarial | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Altamir Abrão, gerente da Tiger, uma das 84 startups de Curitiba: foco no mercado empresarial| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Oportunidades

Cenário estadual está longe de ter atingido nível de saturação

Entre especialistas e entidades da área, há consenso de que as startups paranaenses "vieram para ficar" e o cenário local ainda está longe de ter atingido um nível de saturação.

Uma das principais vantagens reside no fato de o Paraná – e a Região Metropolitana de Curitiba, especificamente – ser referência na área de Tecnologia da Informação (TI), o que favorece o surgimento de novas empresas tecnológicas sobre uma rede já estruturada.

Políticas públicas

"Esse movimento começou com força de três anos para cá, com os coworkings tendo um papel fundamental, assim como a PUCPR e a Universidade Positivo, em apoio a eventos e para disseminar essa cultura em sala de aula. O que faltam agora são políticas públicas efetivas para este setor, tanto dos municípios quanto do governo do estado", afirma o coordenador-geral da pós-graduação da Universidade Positivo Leandro Henrique de Souza.

Ele cita o exemplo da prefeitura de Campinas, que aprovou em novembro uma série de incentivos fiscais para startups, como isenção do IPTU e redução da alíquota do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).

"Chacoalhão"

Para o designer Thiago Alves, um dos fundadores da Ideia no Ar, uma espécie de "lançadora de startups" que tem auxiliado o Sebrae-PR no mapeamento do setor, é preciso também estimular cada vez mais a "atitude empreendedora" que é própria das startups.

"Muitas pessoas ainda têm receio de sair de seus espaços tradicionais. Mas a crise econômica deste ano talvez seja justamente o chacoalhão que precisam para sair da zona de conforto e empreender por conta própria. Não faltam recursos [para fomentar as startups], mas sim bons projetos", reforça.

Conhecidas lá fora por marcas de renome como Uber e Airbnb, as startups têm revolucionado o mercado ao apresentar novos modelos de negócios em todo o mundo – incluindo o Paraná. Levantamento inédito conduzido pelo Sebrae-PR mapeou a presença de microempresas com vocação tecnológica em 11 cidades do estado em um primeiro esforço para compreender a fundo o cenário local e quais ações são necessárias para fomentá-lo.

INFOGRÁFICO: Confira qual a participação de cada região no ecossistema paranaense de startups

Segundo o estudo, 167 startups atuam hoje nas seis regiões mapeadas (veja infográfico), sendo 84 em Curitiba. O mapeamento também levantou a presença de 100 "atores" com papel fundamental na criação e desenvolvimento das startups, como incubadoras, grupos de investidores, universidades e escritórios de coworking.

A capital, por exemplo, tem o ecossistema considerado mais maduro devido, entre outros fatores, ao interesse de grandes universidades pelo tema, à existência de investidores e aos diversos espaços de escritórios compartilhados consolidados na cidade, como o Nex, Impact Hub e Aldeia – este último o primeiro coworking do Sul do país.

Longe de querer ser um retrato definitivo do ambiente de startups no estado – até porque várias fontes envolvidas no tema reforçam que os números reais são maiores –, o levantamento é considerado pelo próprio Sebrae-PR como um estudo em construção, que deverá ser periodicamente atualizado e servirá principalmente para embasar o "índice de maturidade", indicador ainda em validação que permitirá comparar o ambiente de startups em diferentes regiões do estado e sua consolidação no futuro.

Integração

Uma das principais conclusões do mapeamento é que o estado tem um número razoável de grupos e entidades com ações direcionadas ao setor de inovação e tecnologia. O que falta é aumentar a integração entre esses atores para garantir que as startups tenham apoio e condições para surgir, chegar ao mercado e crescer.

"A história de uma startup baseia-se na sua trajetória, onde cada player tem um papel. É preciso que todos estejam alinhados a essa trajetória, para garantir que, quando a startup termina uma etapa e passa para o próximo estágio, haverá a garantia de um player de qualidade para participar desse novo momento. Essa garantia não existe ainda em Curitiba e, na verdade, em lugar algum", afirma José Pugas, gestor do Ambiente de Inovação da PUCPR e da Hot Milk, a aceleradora da universidade.

A dinâmica relatada por Pugas parte de um princípio comum a ecossistemas de inovação: não adianta, por exemplo, a startup conseguir espaço em uma incubadora para desenvolver seu produto ou serviço se depois ela não tem acesso a investidores para garantir a viabilidade financeira do negócio. "Nossa intenção é apoiar o empreendedor iniciante e auxiliar na integração desse ecossistema, até porque esse é um processo que demanda tempo e confiança", relata o coordenador estadual da linha estratégica de startups do Sebrae-PR, Rafael Tortato.

Plataforma auxilia lojas no contato com o cliente

Prestes a completar um ano de vida, a Tiger está entre as 84 startups curitibanas relacionadas no levantamento do Sebrae-PR. A diversidade de atuação dessas microempresas na capital é grande e envolve desde aplicativos e plataformas colaborativas até sistemas de aluguel de produtos e serviços, além de softwares voltados a áreas como contabilidade, engenharia e gastronomia.

Em vez de mirar no consumidor final, a Tiger decidiu investir no mercado empresarial, criando uma plataforma para auxiliar redes varejistas a controlar as vendas e oferecer mais informações para o vendedor no momento do contato com o cliente. Munidos de tablets, eles usam o programa para acessar informações detalhadas dos produtos, o perfil do comprador – caso já tenha cadastro na loja –e o sistema da loja, reduzindo assim o tempo de atendimento. Caso a venda não se concretize, o vendedor pode utilizar o mesmo programa para relacionar o motivo e pensar como melhorar o atendimento.

O foco da startup está em redes varejistas de eletroeletrônicos. E o principal trunfo está no fato de a Tiger ter desenvolvido a solução, desde o princípio, em uma parceria com a gigante do varejo Gazin, que hoje adota o sistema em suas 202 lojas espalhadas pelo Brasil. Há negociações avançadas agora com novas redes de São Paulo, Campinas e Manaus –a startup cobra um valor inicial de adequação do sistema e um custo mensal para o uso da plataforma.

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