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A empresária Simone Venâncio planejou ter uma fábrica de chocolates e hoje tem uma loja: mudanças podem ser feitas no caminho, diz especialista | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
A empresária Simone Venâncio planejou ter uma fábrica de chocolates e hoje tem uma loja: mudanças podem ser feitas no caminho, diz especialista| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

O setor de alimentação cresce puxado pelo aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras. Segundo o IBGE, no último trimestre do ano passado o consumo das famílias atingiu seu nível mais alto desde o início da série histórica, em 1991. A previsão de contínua expansão da economia é um bom sinal para os empreendedores, que encontrarão cada vez mais pessoas interessadas em fazer refeições fora de casa por comodidade e conforto. As oportunidades foram listadas pelo Sebrae-PR, que cruzou dados sobre a busca de informações de empresários do estado com os de abertura de novos negócios na Junta Comercial do Paraná (Jucepar). O resultado é uma lista repleta de sugestões para dar água na boca dos empreendedores paranaenses.

Veja as oportunidades de negócios preferidas pelos empreendedores paranaenses

A fábrica que virou loja

A empresária Simone Hain Venâncio usou seu projeto de conclusão de curso para planejar como colocar em prática o seu negócio, a Trufaria Via Cacau. Inicialmente, o plano era montar uma fábrica de chocolates, trabalhando com encomendas, mas na prática a empreendedora criou uma loja de chocolates, investindo R$ 120 mil. Hoje, o estabelecimento está tomando todo o seu tempo e a fábrica ainda não saiu do papel – a Trufaria Via Cacau está em fase de mudanças.

"Montamos o projeto em um local que poderia receber uma fábrica artesanal, mas não uma loja. Se desde o início tivesse planejado uma loja, eu teria pensado em um local melhor, porque a região não comporta esse tipo de estabelecimento", avalia Simone. A loja de chocolates fica no Centro de Curitiba e hoje, pelas contas da empresária, 80% dos consumidores trabalham ou moram na região.

Os planos de montar uma fábrica são prioridade para Simone, mas a loja não deve deixar de existir, já que há a possibilidade de abrir uma franquia em outro ponto da cidade. Apesar de ter feito um planejamento anterior à fase de negócio, a empresária descobriu tarde demais quem seria o seu maior concorrente: o mercado informal. "Mesmo tendo um produto mais fino, não há diferença entre o que vendemos na minha loja e o que é feito em casa para venda. Nos dois casos, o produto é chocolate", pondera.

Talvez devido à concorrência e à localização, o investimento ainda não trouxe retorno para a empresária. "Temos um feed­­back muito positivo, os nossos clientes gostam muito de nossos produtos. Acredito que para esse tipo de negócio o retorno não vem com menos de três anos", analisa a empresária, que há dois anos está à frente do estabelecimento. "O plano agora é voltar ao inicialmente previsto: a fábrica de chocolate, e quem sabe, atendendo uma nova loja franqueada", prevê Simone.

Um olho no peixe a outro na copa

O engenheiro mecânico Sergio Yamawaki resolveu mudar de área e, com um investimento de R$ 200 mil, comprou o restaurante No Tubo de dois amigos seus. Para conhecer melhor seu negócio, fez um curso de gastronomia. Há um ano e meio Yamawaki é proprietário do estabelecimento e aposta na Copa do Mundo de 2014 como uma boa oportunidade para ganhar dinheiro. "Investi muito em capacitação, não só para atender bem, mas também para dar informações ao turista", conta.

Antes de efetuar o negócio, porém, o empresário estudou muito bem o mercado. "Avaliei os indicadores do restaurante, conversei com clientes. Por ser comida japonesa, fica mais fácil de fidelizar. Comida caseira, por exemplo, é muito difícil para se diferenciar. Por isso, digo que é melhor planejar e ter uma bússola nas mãos do que andar no escuro", ressalva.

Yamawaki ainda não obteve o retorno do investimento inicial, mas os planos para o próximo ano são bastante promissores: além de prever o retorno, o empresário planeja abrir uma filial. A ideia é bastante possível, já que o empreendedor conseguiu driblar até o frio de Curitiba para se diferenciar. "No inverno, a clientela diminui, porque muita gente acha que comida japonesa é só comida fria. Implementei neste inverno um buffet de sopas orientais e a situação mudou totalmente: à noite, meu salão estava lotado. É uma forma de não esperar o movimento dos clientes, mas sim interferir e criar oportunidades", salienta.

Avaliação do especialista

Mudar os planos no meio do caminho não é um erro de estratégia, de acordo com o consultor do Sebrae-PR Erlon Labatut de Oliveira. Para ele, é importante ter noção das alterações que o negócio pode sofrer e a que rumo elas podem levar. "O planejamento não precisa estar amarrado, mas para evitar se perder é fundamental trabalhar com um foco. Nesse caso, o melhor a se fazer é pensar em quem será o seu cliente, quem comprará o seu produto ou serviço. Não há empresa que venda para todo mundo e para as empresas iniciantes pode ser ainda mais difícil se estabelecer caso não haja um foco", ressalta.

Ser um franqueado no setor de alimentos pode abrir várias opções de atuação para o empreendedor que vê no ramo uma oportunidade. Além da credibilidade da marca, é mais fácil atingir o mercado sendo um franqueado. Entretanto, o empresário precisa ter claro qual é o seu perfil. "Se é uma pessoa inovadora, não se enquadra em uma franquia. Quem busca tranquilidade e segurança pode se dar melhor", salienta Oliveira.

Avaliação do especialista

Comprar um estabelecimento já conhecido pode ser vantajoso para empresários que querem iniciar um negócio no setor de alimentação. Entretanto, sempre há riscos, segundo o consultor do Sebrae-PR Erlon Labatut de Oliveira. "O ponto está estabelecido e já há uma clientela, mas é preciso saber por que o negócio está sendo vendido e ter um plano para torná-lo lucrativo", pondera Oliveira.

A sazonalidade é um fator a ser considerado no ramo de alimentação. Assim como restaurante direcionado a uma culinária própria, sorveterias e sacolões (frutarias) podem sofrer com as mudanças de tempo. Porém, nada melhor do que uma pitada de inovação para conseguir ganhar com o frio. "Você pode ter um algo a mais para chamar a atenção do cliente e a inovação é a principal saída quando o assunto é a sazonalidade. O empresário pode implantar uma mudança de comportamento em seu estabelecimento e ganhar com isso", afirma o consultor do Sebrae-PR.

Serviço:

Trufaria Via Cacau. Rua Doutor Faivre, 749 – Centro. (41) 3262-0191

Restaurante No Tubo. Avenida Visconde de Guarapuava, 5170 – Batel. (41) 3343-9050

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