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A Petrobras quer investir, até 2020, US$ 111,4 bilhões nas áreas do pré-sal já licitadas. Ou seja, sem contar todos os demais blocos, que serão oferecidos dentro do novo modelo de partilha, a companhia deve desembolsar perto de R$ 190 bilhões em sondas, navios, plataformas e equipamentos. Como a estatal pretende exigir níveis crescentes de conteúdo nacional nas encomendas que fizer, a indústria brasileira tem pela frente não apenas a perspectiva de ganhar muito dinheiro, mas também de dar um salto tecnológico, diante do desafio de explorar petróleo a 7 quilômetros de profundidade.

"Está no pré-sal a maior das oportunidades que se abrem para o Brasil. O volume de investimentos é grande, e serão influenciados desde a produção de aço, passando por máquinas e equipamentos, até o treinamento e a capacitação de recursos humanos", avalia o economista Jedson de Oliveira, da Estação Business School.

Em apenas meia década, o setor de petróleo e gás pode gerar quase 260 mil empregos. A Petrobras pretende contratar 10 mil funcionários até 2014, elevando seu quadro para 74 mil. A maior expansão se dará entre os fornecedores. Em quatro anos, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo e Gás Natural (Prominp) pretende qualificar 247 mil pessoas para atender à demanda da cadeia produtiva.

Como essa cadeia é longa, até estados aparentemente desconectados da nova realidade podem ganhar seu tostão. Única grande fornecedora da estatal no Paraná, a fabricante de equipamentos submarinos Aker Solutions pode ganhar a companhia de ao menos duas empresas nos próximos anos.

Riscos

A possibilidade de que a exploração de petróleo acabe com a competitividade do etanol e sepulte a busca por novas alternativas energéticas é apenas um dos riscos do pré-sal. Outro é o desperdício de dinheiro. Estimativa do Ministério da Fazenda indica que o Fundo Social, que será abastecido pelos lucros do petróleo, pode gerar rendimentos de R$ 15 bilhões anuais (0,5% do PIB) por um século. Mas, a julgar pelos movimentos do Congresso, o fundo corre o risco de ser raspado antes mesmo de render alguma coisa.

As emendas apresentadas ao projeto sugerem ampliar os usos dessa poupança – antes restrita ao combate à pobreza e ao desenvolvimento da educação, cultura, ciência e tecnologia e sustentabilidade ambiental. Mais preocupante é que o governo pode ser autorizado a gastar, logo nos primeiros cinco anos, parte do "principal" do fundo, e não apenas os rendimentos. "Países sentados sobre minas de ouro ou grandes reservas de petróleo não são necessariamente os mais desenvolvidos. Normalmente, é o contrário", alerta Rodolfo Coelho Prates, professor de Economia da Universidade Positivo e do IBPEX. "Embora a formulação do Fundo Social seja interessante, a chance de dar errado é muito grande."

Levantamentos sobre o atual uso dos royalties do petróleo, em especial por municípios, parecem justificar essa percepção – recursos vultuosos têm sido gastos com despesas correntes, como o custeio da máquina pública e o pagamento de funcionários. A União, por sua vez, economiza a sua parte para pagar juros da dívida. "Cerca de 80% dos recursos que cabem à União têm sido contingenciados, congelados no Orçamento", diz Gil Castelo Branco, economista da ONG Contas Abertas.

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