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Colheira de soja em Ponta Grossa: 69% da safra vendida | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Colheira de soja em Ponta Grossa: 69% da safra vendida| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

Compradores saem do mercado no Paraná

Cassiano Ribeiro

A disparada das cotações da soja na última semana fez com que os compradores saíssem de cena no Paraná. De acordo com analistas ouvidos pela reportagem, as tradings procuraram garantir o produto antecipadamente e agora esperam uma nova correção nos preços para voltar ao mercado. "O Paraná já comercializou 69% da produção até agora. A média para esta época do ano é de 46%", atesta o analista Adriano Machado, da Safras e Mercado, de Porto Alegre.

Em resposta à valorização da oleaginosa na Bolsa de Chicago (CBOT), o preço da soja superou os R$ 60 por saca no estado. Na região do Porto de Paranaguá, o produto teve preço nominal de R$ 63, conforme levantamento da consultoria paulista Informa EconomicsFNP. Já nos municípios de Cascavel e Maringá, a soja bateu em R$ 60 por saca ontem.

Tendência

Com perspectivas climáticas favoráveis à safra que está sendo plantada nos Estados Unidos, maior player mundial da soja, e de aumento na área da oleaginosa na América do Sul no próximo verão – isso mesmo, os traders já trabalham com expectativa de aumento no terreno com a soja, que só vai ser plantada no Brasil daqui a seis meses – a tendência é que, no segundo semestre de 2012, as cotações da commodity apresentem ligeira correção em relação aos valores de hoje. "Os contratos futuros mais distantes já estão com um spread de mais de um dólar por bushel abaixo dos vencimentos atuais. Isso significa que, lá na frente, o mercado vai estar mais calmo, com a antecipação da entrada da safra norte-americana", diz o analista da Safras.

O plantio de grãos no Hemisfério Norte caminha está em andamento. Os trabalhos de campo foram concluídos em cerca de 10% do terreno semeado com soja no cinturão de produção norte-americana, o Corn Belt. Nesta época do ano passado apenas 2% da área estava com as sementes enterradas no solo, conforme levantamento do Departamento de Agricultura do país (USDA, na sigla em inglês). No caso do milho, por sua vez, as plantadeiras já cobriram um terço da área dedicada à cultura, contra 8% semeados nesta época do ano anterior.

Os contratos futuros de soja subiram ontem acima de US$ 15 por bushel (medida de volume usada nos Estados Unidos, que equivale a 35,2 litros) na bolsa de Chicago. O valor é o maior desde fins de julho de 2008. Segundo analistas, o preço em alta é resultado da boa demanda pela oleaginosa à baixa produção na América do Sul – Brasil inclusive – na temporada 2011/12.

A produção do Brasil e Argentina sofreram os efeitos de uma severa seca. A safra brasileira, por exemplo, está estimada em cerca de 65 milhões de toneladas, queda de aproximadamente 10 milhões de toneladas na comparação com o recorde da temporada anterior. A soja é principal produto da pauta de exportações agrícolas do Brasil (considerando também o óleo e o farelo)

O preço atual é um pouco abaixo do recorde histórico do mercado de Chicago, que é de US$ 16,63 por bushel, registrado em 2008. "Do ponto de vista da oferta, os novos números da Argentina, estimados pela Bolsa de Cereais, e do Brasil, pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), combinados ainda com a possibilidade de novas reduções nas estimativas oficiais nas próximas semanas seguiram dando sustentação à alta dos preços", afirmou análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), nesta sexta-feira. Na quarta-feira, a Abiove reduziu a estimativa de safra do Brasil para 65,9 milhões de toneladas, ante 69,5 milhões na projeção de março.

A previsão de processamento de soja foi reduzida para 34,8 milhões de toneladas, contra 36,2 milhões anteriormente. As exportações do Brasil na temporada agora estão estimadas pela Abiove em 30 milhões de toneladas, versus 32 milhões previstos em março e contra 33 milhões de toneladas na safra anterior. Nessa situação, as cotações seguem firmes no mercado brasileiro, com registro de recordes em termos nominais no mercado interno, segundo o Cepea. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (baseado no produto transferido para armazéns do porto de Paranaguá) avançou 3,1% em sete dias, a R$ 62,73 reais por saca de 60 kg.

Milho

O Departamento da Agricultura dos EUA confirmou ontem a maior venda de milho norte-americano em um só dia desde 1991, em um volume que totalizou 1,56 milhão de toneladas. O comprador não foi identificado, mas traders dizem que a maior parte seguirá para a China.

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