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A tendência mundial de aumento nos preços dos alimentos, provocada pelo uso de grãos na produção de combustíveis, cria situação favorável à permanência do homem no campo, defendeu ontem o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. "O Brasil está se transformando no grande fornecedor de carne e grãos para o mundo."

Em sua avaliação, a crise das bolsas de valores, que ameaça a economia real, não deve atingir os preços das commodities agrícolas. "A crise financeira não é econômica (..) A economia mundial cresce 5% ao ano e outros países exportadores como Estados Unidos e Argentinas não têm condições tão boas de ampliar a produção como o Brasil."

Stephanes fez essa avaliação diante de 300 produtores rurais que discutiam plantio direto na palha ontem, em Ponta Grossa. Ele disse que o governo federal quer "enfrentar" problemas como o endividamento do setor agrícola para permitir que o país amplie as exportações de alimentos para países como a China.

Especialistas presentes no encontro não descartaram a possibilidade de a crise financeira reduzir os preços das commodities agrícolas a médio prazo. Alexandre Mendonza de Barros, agrônomo e doutor em Economia Aplicada, disse que isso pode ocorrer em 2009.

Ele considera, no entanto, que o país está mais preparado para esse quadro que outros grandes produtores agrícolas. "O próprio sistema de plantio direto e de integração lavoura-pecuária permite que as pastagens usadas na produção de carne sejam convertidas em áreas agrícolas." O Brasil tem cerca de 220 milhões de hectares de pastagens e 60 milhões de hectares de lavouras usadas na produção de grãos.

A produção não deve se deter diante da pressão ambiental, defendeu Stephanes. O ministro criticou a proposta de criação de certificados ecológicos. Em sua avaliação, a classificação das propriedades agrícolas conforme a gestão ambiental pode se converter em munição nas mãos de países que competem com o Brasil. "Os Estados Unidos e a Europa não fazem isso, por que vamos criar barreiras contra nós mesmos?" Ele disse que o produtor deve se guiar pela sustentabilidade. (JR)

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