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Curitiba – O crescimento do mercado de gás natural veicular (GNV) depende muito da política de preços que será adotada pela Petrobrás. Na semana passada, a estatal anunciou uma correção de 27% no preço do gás importado da Bolívia, mas voltou atrás na noite de sexta-feira. Mesmo aplicada mais adiante, a correção será um golpe na estratégia brasileira de diversificar com o GNV as fontes de energia no país. Segundo uma pesquisa conduzida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), um aumento próximo a 25% no preço do gás reduziria em 10% a procura pela conversão de veículos ao combustível.

Essa reação do consumidor poderá ser sentida nos próximos meses, já que a Petrobrás deu sinais de que terá dificuldades em manter o preço estável, como ocorre desde 2003. Em carta enviada na última terça-feira às distribuidoras do combustível, a estatal comunicou que haveria um reajuste de 14% em agosto e 13% em outubro. A Companhia Paranaense de Gás (Compagás) foi a primeira a repudiar a decisão, sendo seguida pelas demais companhias. Após os protestos a Petrobrás decidiu suspender o aumento.

Com o repasse de 27%, a estatal reduziria os subsídios previstos nos contratos de distribuição do gás boliviano. Essa seria uma forma de compensar as novas regras para o setor energético criadas pela Bolívia há cerca de dois meses, quando uma série de protestos populares levou à aprovação de uma lei que eleva os royalties pagos pela comercialização do produto. Assim, o problema por trás do reajuste persiste. "Esse aumento ainda é uma questão em discussão", diz o coordenador do comitê de GNV do IBP, Rosalino Fernandes. "Mas se essa ameaça de aumento se concretizar, certamente teremos problemas pela frente."Se o aumento for confirmado, 16 mil motoristas paranaenses serão atingidos. Em todo o país, a frota que usa o GNV é de 937 mil veículos, mas somente os estados da Região Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul, que usam o gás boliviano, seriam prejudicados. "Isso preocupa bastante, porque São Paulo e a Região Sul são os locais mais promissores para o GNV", diz Fernandes.

O coordenador do IBP lembra que uma eventual queda no número de conversões de carros a álcool ou gasolina para GNV não depende somente do possível aumento do gás. "O consumidor também vai levar em conta os preços dos outros combustíveis. O álcool está subindo devido ao fim da safra. Enquanto isso, o preço da gasolina está completamente defasado, e a Petrobrás o segura por razões políticas", comenta.

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