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Temor de que nota do país possa ser rebaixada pelas demais agências de risco segue afetando a moeda | Carlos Severo/ Fotos Públicas
Temor de que nota do país possa ser rebaixada pelas demais agências de risco segue afetando a moeda| Foto: Carlos Severo/ Fotos Públicas

Preocupações com a economia brasileira e o cenário político do país voltaram nesta segunda-feira (21) a impulsionar a cotação do dólar, que encostou em R$ 4, apesar de o Banco Central ter realizado leilões de empréstimos no valor total de US$ 3 bilhões para tentar conter a volatilidade da moeda americana.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 1,88% sobre o real, cotado em R$ 3,991 na venda – seu maior valor histórico. A moeda atingiu a máxima de R$ 3,9995 durante a sessão.

Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, subiu 0,53%, para R$ 3,982. É o segundo maior valor de fechamento da história, atrás apenas dos R$ 3,990 registrados em 10 de outubro de 2002 (corrigida pela inflação, a cifra seria de cerca de R$ 6,76 hoje). A moeda atingiu a máxima de R$ 3,9990 no dia.

O mercado vem adotando estratégias mais defensivas, com medo de que o Congresso possa derrubar nesta semana vetos da Presidência a medidas que aumentam os gastos, dificultando o ajuste fiscal.

Boletim focus

A pesquisa Focus com economistas do mercado financeiro e divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) apontou pela primeira vez que o dólar deve fechar 2016 cotado a R$ 4. Para 2015, a expectativa é que a moeda americana fique em R$ 3,86. Segundo a pesquisa, a economia brasileira deve registrar uma contração de 2,70% no PIB em 2015 – na semana passada, a previsão era de um encolhimento de 2,55%. O cenário para o ano que vem piorou pela sétima semana seguida: a previsão agora é de uma retração de 0,80%.

“O dólar amenizou a alta no final da tarde possivelmente com a sinalização por parte do [presidente da Câmara dos Deputados] Eduardo Cunha de que o Congresso pode não derrubar o veto da presidente Dilma Rousseff a pautas como o reajuste de servidores públicos, que aumentariam os gastos do governo”, disse João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos.

“Isso não significa, porém, que ele agora está à favor do governo, nem tampouco que o ajuste fiscal será facilmente aprovado na Casa”, completou. “A tensão política no Brasil e especulações de que o país poderá ter sua nota de crédito novamente cortada por agências de classificação de risco vão continuar pressionando os mercados.”

No início do mês, a agência Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito do país, retirando seu selo de bom pagador. O receio é que o Brasil também perca o chamado grau de investimento das agências Fitch Ratings e Moody’s. Com duas classificações como essa, grandes fundos estrangeiros têm que remover suas aplicações do país pelo risco maior de calote.

Intervenção

Para tentar amenizar a escalada da moeda americana, o BC realizou nesta segunda leilões de empréstimos no valor total de US$ 3 bilhões. Foi a quarta intervenção desse tipo desde 31 de agosto.

A instituição já vem atuando diariamente no mercado por meio da renegociação de contratos de câmbio para suprir parte da demanda por moeda estrangeira.

Casas de câmbio

O dólar turismo acompanhou o movimento de alta da moeda e era vendido nesta segunda-feira (21)entre R$ 4,18 e R$ 4,45 no cartão em casas de câmbio . Já o euro variou entre R$ 4,81 e R$ 5,02 no plástico. Além de tornar mais caras as viagens ao exterior, a alta do dólar tende a pressionar a inflação, já que encarece os produtos importados. Isso tem feito com que os investidores apostem em juros mais elevados nos próximos anos, também pela expectativa de que o Brasil terá de pagar juros maiores para atrair investidores estrangeiros, devido à avaliação das agências de risco.

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