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Demonstração de captura de imagens em 3D, na Intel: popularização | Divulgação/Intel
Demonstração de captura de imagens em 3D, na Intel: popularização| Foto: Divulgação/Intel

Futurista pioneiro, Toffler não arrisca palpite

Agência Estado

São Paulo - A aceleração contínua dos saltos tecnológicos, o sucesso das religiões neopentecostais, a clonagem, os mercados de nicho, a realidade virtual, o terrorismo e o caos informacional que a digitalização traria: o norte-americano Alvin Toffler antecipou tudo isso ainda no fim dos anos 60, quando não existia o computador pessoal e muito menos a internet. O primeiro dos futurólogos acertou muito. Seu livro A Terceira Onda previa as consequências da revolução tecnológica e, desde sua publicação em 1980, é citado pelo governo chinês. A revista norte-americana People foi longe e o listou como um dos pilares da modernização do gigante asiático.

Hoje, o homem que guiou o governo de Bill Clinton e que fez com que o guru psicodélico Timothy Leary declarasse que a internet seria o "o LSD do futuro" tem 81 anos, mas sua voz não soa cansada. Pelo contrário. Empolgado, ele vislumbra mudanças ainda maiores para os próximos cinco anos. "O maior assunto nesse período será o cérebro: como ele funciona, como podemos usá-lo e manipulá-lo", projeta, em entrevista. "Teremos tecnologias que se fundirão com nossas mentes e as melhorarão". O desenvolvimento de cérebros eletrônicos – mais poderosos que os nossos – e a fusão homem-máquina causarão, defende Toffler, "revoluções dignas da ficção científica".

Outra delas, diz ele, será a digitalização total. Crianças que já nascem conectadas não saberão mais o que é viver offline e mudarão radicalmente como se consome mídia, livros, filmes, música. Será o fim do suporte físico. "Já eu, que sou de outra geração, acho uma pena gastar todo meu tempo online e só começo o dia depois de ler três jornais", riu.

Apesar de manipular o futuro tão naturalmente quanto vive o presente, há ao menos um palpite que Toffler não dá: o que virá depois da web. "Esperam que eu saiba tudo que vai acontecer. Sobre as transformações da internet, nem eu e nem ninguém pode arriscar", brinca.

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São Paulo - A tecnologia vai mudar a sua vida – de novo. A partir deste ano, eletrônicos serão projetados para ficar mais inteligentes, conectados o tempo e com o conteúdo que você quiser, onde você estiver. É o resultado dos últimos cinco anos, que viram termos como 3G, wi-fi, web móvel e web 2.0 mudarem a paisagem digital.

Se hoje blu-ray e tevês full HD são a última palavra em entretenimento doméstico, em cinco anos todo mundo vai querer um conversor que fará streaming de filmes e programas via conexão de super veloz direto para a televisão. Por meio de um cabo HDMI ativo (que tem um chip), a imagem será transferida em altíssima qualidade e velocidade para tevês OLED, que exibem imagens 3D e têm definição Super Hi-Vision – 16 vezes superior à da full HD. Esse é o futuro apontado no estudo anual sobre próximas tecnologias da indústria de eletrônicos, o Hype Cycle for Consumer Tech­­no­­logies, recém-publicado pela consultoria Gartner.

Parece difícil imaginar esse cenário. Mas, há cinco anos, o You­­Tube não existia, o Orkut era uma "comunidade virtual" e não uma rede social, o celular mais avançado tinha tela minúscula, câmera de um megapixel e custava mais de R$ 2 mil.

Em parte, os últimos cinco anos são responsáveis pela nova fase da tecnologia. Mobilidade, conexão total, interatividade, conteúdo gerado e compartilhado pelo usuário são o motor do desenvolvimento dos eletrônicos em 2009.

Entre as tecnologias que mais têm potencial de se tornar populares nos próximos anos, porém, estão nomes mais comuns. Em menos de dois anos, quase todo mundo já vai usar serviços baseados na localização por GPS. O mesmo vale para leitores de livros digitais, telas multitoque, eletrônicos com wi-fi, celulares feitos para acessar a web e tevês com atalhos (widgets) para assistir a canais pela internet. "A convergência das mídias vai se consolidar e migrar para vários aparelhos. Mas, de 10 a 30 anos, isso já estará obsoleto também", diz Fábio Boucinhas, diretor de produtos do Yahoo no Brasil.

Se você acha que o teor de tecnologia impregnado na sua vida cresceu nos últimos anos, o futuro será de arrepiar.

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O que o futuro nos reserva

Algumas tendências dos próximos anos já fizeram sua estreia em eventos de tecnologia e estão na fila da indústria para entrar em produção. Outras ainda estão sendo gestadas nos laboratórios de grandes companhias do setor. E há algumas que já são realidade, mas têm uso limitado devido ao preço e à falta de disponibilidade. Abaixo, algumas das novidades que terão invadido nossas casas daqui a cinco anos.

3D em casa

Com mais filmes em 3D sendo lançados, é questão de tempo para que a tecnologia chegue à sua casa. Fabricantes já apresentaram tevês que exibem imagens em três dimensões. O próximo passo é levar o modelo para os games, co­­mo no próximo jogo do filme Ava­­tar, de James Cameron, que será lançado em dezembro. "A convergência entre cinema e games vai continuar contribuindo para a criação de universos mais ricos e profundos", diz Bertrand Cha­ve­rot, diretor da Ubisoft.

Banda ultra larga

Em 2013, uma em cada três casas da América Latina já terá conexão por banda larga, segundo estudo da consultoria IDC. Isso não é na­­da, no entanto, perto do que vem por aí: a banda larga ultra veloz a baixo preço. De acordo com a Gart­ner, conexões com velocidade acima de 50 Mbps serão barateadas e, com isso, finalmente se tornarão domésticas. Como acontece hoje na Coreia do Sul, baixar um filme se­­rá mais rápido do que pegar o ele­­vador e atravessar a rua para alu­­gá-lo na locadora mais próxima.

Web 3.0

Mecanismos de busca vão identificar não os termos que você procura, mas o significado semântico da pesquisa. Por exemplo, você digita "camisa 11 do Corinthians em 1982" e o nome do jogador aparece como resultado. Em vez de a pesquisa ser realizada sobre as páginas que tenham os termos "corinthians", "camisa", "11" e "1982" se­­­parados, o que vai valer são os valores culturais e históricos da sequência de palavras, como se o "robô" da pesquisa pudesse pensar como um ser humano e soubesse o que você está procurando.

Mobilidade

A profusão de netbooks e celulares com acesso à web e GPS incita a criação de serviços com conteúdo de acordo com a sua posição no mapa. "O celular vai criar um novo tipo de uso da internet para procurar apenas aquilo que está em volta de você", afirma Felix Ximenes, do Google. Mas, para isso, as baterias terão de evoluir. "Veremos produtos que podem até passar de 24 horas de autonomia", diz Marcel Campos, da Asus no Brasil.

Internet nas coisas

Não serão apenas os eletrodomésticos da sua casa que usarão a web para buscar informações, mas também objetos como sua escrivaninha, a mesa de centro, a dispensa da cozinha. Todos estarão interligados por uma rede doméstica. "Haverá inteligência e conectividade em todo e qualquer dispositivo, o que mudará a maneira como as pessoas interagem umas com as outras e com a tecnologia", diz Mi­­chelle Holtaus, gerente mundial de desktops da Intel.

Web²

O conceito de web ao quadrado ain­­da é novo, mas propõe uma transformação na internet à medida que as aplicações de realidade aumentada se tornem nossos olhos para o mundo, via celulares. Poderemos sobrepor as camadas de informação da web – geradas por uma inteligência coletiva – sobre a realidade fora da web, física. Sensores de movimento, proximidade, localização e direção aumentarão os dados disponíveis na internet. E a web, por sua vez, chegará às ruas.

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