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Agnelli foi alvo de críticas por causa das demissões e do corte nos investimentos durante a crise | Chip EastReuters
Agnelli foi alvo de críticas por causa das demissões e do corte nos investimentos durante a crise| Foto: Chip EastReuters

Três telefonemas e um entendimento. Na quarta e quinta-feiras passadas, o presidente da Vale, Roger Agnelli, alvo do tiroteio sem precedentes do governo contra a mineradora, conversou duas vezes por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma vez com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao final das conversas, uma reunião do conselho de administração da mineradora aprovou o plano de investimentos para 2010. E Agnelli permanece à frente da Vale.

O combate aponta para um final, ao que tudo indica, com apertos de mão e poses para foto na próxima segunda-feira. O robusto plano de investimentos incluirá os preparativos para a construção de uma siderúrgica no Pará, estado que abriga Carajás, o principal complexo de mineração da Vale, e onde o presidente Lula e a governadora petista Ana Julia Carepa reclamam mais empreendimentos da companhia.

Fontes garantem que não haverá, pelo menos por enquanto, qualquer mudança na diretoria da empresa. Na verdade, se realmente fizesse questão de uma troca, o governo poderia fazê-la com certo conforto. O conselho de administração da Vale, composto por 11 membros, tem cinco integrantes ligados à administração federal: quatro do fundo de pensão Previ e um do BNDES. Os demais são dois representantes da Bradespar, dois da japonesa Mitsui, um indicado pelos funcionários e outro dos acionistas minoritários.Durante os telefonemas, Agnel­­li teria se esmerado em justificativas ao presidente Lula, que novamente criticou decisões como as demissões e o corte de investimentos em meio à crise. A dispensa de quase 2 mil funcionários foi feita sem comunicação prévia ao governo, num momento em que a Vale recorria ao BNDES para obtenção de créditos de R$ 3,8 bi­­lhões. Um dos critérios do banco para o apoio a empresas é a geração e manutenção de empregos. "Nin­­guém briga com o presidente da Re­­pública e nenhum executivo po­­de brigar com o acionista de sua em­­presa", disse uma fonte ligada à Vale.

A campanha publicitária da Vale, que consumiu alguns mi­­lhões de reais e ocupou espaço na televisão, rádio, jornais, revistas, outdoors e aeroportos, foi prontamente suspensa, sem que o período de veiculação fosse concluído. A peça estrelada pelo ator José Mayer nem sequer foi levada ao ar.

O tom dos anúncios, explicitamente de resposta às críticas do governo, irritou o presidente da Previ, Sérgio Rosa, que teve o nome referendado ao cargo por Lula. Também presidente do conselho de administração da mineradora, Rosa não foi consultado sobre a decisão. Reclamou publicamente do que considerou "um exagero". Depois, surpreendido com o lançamento de seu nome para presidente da Vale, feito pelo empresário Eike Batista, candidato à compra de uma parcela da empresa, Rosa calou-se sobre o assunto.

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