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Terminal Ponta do Félix registrou déficit líquido de R$ 8,6 milhões ao longo de 2008 | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Terminal Ponta do Félix registrou déficit líquido de R$ 8,6 milhões ao longo de 2008| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Resultados

Empresa acumula prejuízos

O Terminal Ponta do Félix, cujo controle o governador Roberto Requião gostaria de retomar para o estado, acumula prejuízos. O demonstrativo contábil da empresa, responsável pela operação do Porto de Antonina, mostra que ao longo de 2008, o terminal teve um déficit líquido de R$ 8,6 milhões. A receita líquida, por sua vez, caiu de R$ 28,4 milhões em 2007 para R$ 16,8 milhões até dezembro do ano passado.

O terminal está praticamente inativo, segundo informações da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). Ele tem recebido, em média, um navio por mês. Essa inoperância prejudica a economia de Antonina, que tem cerca de mil trabalhadores portuários dependentes da movimentação no terminal. Ainda de acordo com informações da Appa, o Terminal Ponta do Félix deve cerca de R$ 12 milhões em tarifas portuárias.

O superintendente da Appa, Daniel Lúcio de Oliveira Souza, anunciou na semana passada a abertura de licitação até o fim deste mês para a dragagem emergencial no canal de acesso ao Porto de Antonina. A medida é uma maneira de tentar revitalizar a utilização do terminal, que tem vocação para a movimentação de cargas congeladas.

A Equiplan Consultoria Empresarial comprou as ações do Terminal Ponta do Félix, operador do Porto de Antonina, que pertenciam à Previ e ao Fundo de Pensão Multipatrocinado (Funbep). Com o negócio, 58,81% dos papéis ordinários do terminal passam para as mãos da Equiplan, empresa de Curitiba ligada ao operador portuário Fortesolo, de Paranaguá. A transação foi comunicada ao mercado em um fato relevante ontem à tarde, porém o valor envolvido não foi informado. A estimativa do governo do Paraná é que somente as ações da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, totalizariam R$ 22 milhões. Pelo mesmo cálculo, o montante pago no negócio pode chegar a aproximadamente R$ 30 milhões.A venda acontece mais de um ano depois de a Previ demonstrar interesse em se desfazer da sociedade no porto paranaense e contraria a vontade do governador Roberto Requião. A Previ tentava vender as ações de Ponta do Félix desde setembro do ano passado. Ela era a principal acionista do terminal (com 43,7% das ações), seguida pela Fundação Copel (20,41%), e os fundos de previdência Multipatrocinado (15,75%), Portus, dos trabalhadores portuários (11,97%), Fusan, dos funcionários da Sanepar (8,42%) e Regius, do Banco de Brasília (0,04%).

Todas essas instituições haviam comprado a concessão do Porto de Antonina da empresa Leão, que por sua vez recebeu do governo do Paraná a permissão para operar o Terminal Ponta do Félix. A intenção do governador era retomar o porto para o estado, através da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e da Fundação Copel.

A venda foi atrasada diversas vezes desde o ano passado com a apresentação de outros compradores, porém o negócio foi fechado, segundo Requião, após a Fundação Copel abrir mão de seu direito de compra. Para ele, a negociação foi feita de maneira a causar prejuízos aos cofres públicos. "Fui enganado pela Fundação Copel. (O negócio) teve ignorância absoluta ou má-fé", falou ontem durante a Escola de Governo. "É preciso saber o que houve e o que há neste processo todo", defendeu.

Requião chegou a pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembléia Legislativa e a manifestação do Ministério Público para apurar os termos da venda. Os deputados estaduais, entretanto, não estão dispostos a obedecer o governador.

O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), diz que a Assembleia tem dez CPIs na fila de espera e não concorda com mais uma. Segundo ele, existem outras formas de investigar o caso. "Não tenho dúvidas que há algum interesse por trás dessa atitude do presidente da Fundação Copel em contrariar a ordem do governador", disse Romanelli. "Mas sou contra CPI".

Demissão

Insatisfeito, o governador teria demitido o presidente da Fundação Copel, Edílson Bertholdo, apesar de, oficialmente, o governo do Paraná não ter poder para interferir em assuntos administrativos da instituição. A informação da demissão, porém, não havia sido confirmada até o início da noite. O Conselho Deliberativo do fundo de pensão estava reunido ontem à tarde, mas não houve comunicado sobre o motivo do encontro nem das decisões tomadas.

A denúncia contra Bertholdo foi levantada pelos deputados oposicionistas Durval Amaral (DEM) e Élio Rusch (DEM) há duas semanas. "Alertamos o governo sobre a triangulação feita pelo presidente da Fundação Copel para beneficiar um grupo econômico privado do Paraná em vez de exercer o direito de preferência na compra das ações da Previ", disse Durval Amaral. A reportagem tentou contato com Bertholdo, Luiz Henrique Tessutti Divinio, presidente do Terminal Ponta do Félix e com as empresas Fortesolo e Fundação Copel, mas ninguém retornou os pedidos de entrevista. A Previ e a Appa informaram, através da assessoria de imprensa, que não iriam comentar a negociação.

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