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Se depender da previsão meteorológica, as perdas nas lavouras paranaenses na safra 2005/06 tendem a ser piores do que na temporada anterior. De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, as chuvas regulares voltam a cair somente na segunda quinzena de fevereiro. Caso a previsão se confirme e a falta de água perdure por mais um mês, áreas inteiras de milho e soja podem ser perdidas. Somente nas regiões Oeste e Sudoeste do estado, os prejuízos com a quebra na produção do milho e da soja já passam de R$ 380 milhões.

Em volume, o milho (primeira safra) já aponta para uma redução de 1,2 milhão de toneladas (13%), de uma produção estimada em 8,8 milhões de toneladas; a soja, 324 mil toneladas, de uma produção de 11,7 milhões de toneladas (3%). Os dados são de um levantamento preliminar do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura (Seab). Como os números são da semana passada, e desde então a estiagem não deu trégua, as perdas devem ser ainda maiores. Se a precipitação não voltar ao normal até o início de fevereiro, 50% da produção de milho pode ser comprometida.

A preocupação dos técnicos e produtores é com a repetição do cenário registrado na safra anterior (04/05), quando a agricultura do Paraná deixou de movimentar R$ 2,5 bilhões por causa da seca. Somente com as duas principais culturas, soja e milho (sem o safrinha), no ano passado os produtores deixaram de colher 3,1 milhão de toneladas e 869 mil toneladas, respectivamente.

O agravante da safra atual é que a falta de chuvas foi registrada já no início do cultivo – segunda quinzena de novembro –, agravando-se em dezembro e janeiro, em fases críticas de desenvolvimento das lavouras. No ano anterior, quando o campo registrou um dos piores desempenhos da última década, a estiagem começou a comprometer as plantações somente na última semana de janeiro.

Margorete Demarchi, técnica do Deral, explica que o problema maior é com o milho. Da área cultivada, 29% encontra-se em floração e 42% em frutificação, fases em que a falta de água causa perda total à cultura ou então reduz o potencial produtivo. A esperança de recuperação da produção estadual de milho está na produção do safrinha, ou de segunda safra, que começa a ser cultivado este mês e tem a maior parte do seu plantio em cima da área ocupada com soja.

Na avaliação do meteorologista Lizandro Jacobsen, para amenizar os efeitos da seca, precisaria chover por até dois dias. "As pancadas registradas nos últimos dias não são suficientes, são chuvas de verão, isoladas e irregulares." Para a próxima segunda ou terça-feira está prevista a chegada de uma frente fria ao Paraná, com chuvas mais bem distribuídas em todo o estado, mas ainda longe de restabelcer a normalidade.

Na região Centro-Oeste, a estiagem dura mais de 60 dias. Sem chuva, 60% das lavouras de milho nos municípios de Boa Esperança, Janiópolis e Rancho Alegre estão condenadas, segundo o engenheiro agrônomo Fernando Borba. "Por mais que chova nos próximos dias, para o milho não vai resolver mais, pois as espigas já estão formadas". Com o milho seco e mal formado, o agricultor Orlando Romanholi não sabe qual será a produção dessa safra. "Além de dar um milho ruim que não serve para nada, o que vou colher não vai pagar uma parte das despesas de plantio".

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