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O pólo automotivo paranaense, terceiro maior do país em produção, conseguiu a questionável proeza de se retrair no segundo melhor ano da história da indústria automobilística nacional. A partir de dados fornecidos por fontes ligadas às montadoras locais e de projeções baseadas nos resultados dos primeiros dez meses do ano, pode-se concluir que o número de veículos leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas produzidas no estado vai cair pouco mais de 7% em 2006, atingindo 284,7 mil unidades. Será a primeira queda de produção depois de três anos consecutivos de forte crescimento.

O desempenho resulta de uma infeliz combinação dos diferentes momentos vividos pelas quatro montadoras instaladas em Curitiba e região metropolitana. O caso da maior delas, a Volkswagen, é simbólico: em todo o país, as vendas da montadora estão avançando 16% em relação a 2005, mas na unidade de São José dos Pinhais a produção deve terminar o ano 12% menor. Culpa do fim da produção do Audi A3, da decadente demanda interna e externa do Golf e da redução das exportações – o faturamento da fábrica paranaense com o mercado externo caiu quase 40% neste ano.

O sucesso da fábrica agora depende, basicamente, do desempenho dos modelos Fox e CrossFox, já que não há qualquer previsão de novos investimentos em produto, ao menos no ano que vem. Além disso, os 3,6 mil funcionários da unidade ainda convivem com o temor das demissões – o plano de reestruturação da montadora, anunciado em maio, prevê corte de 1,4 mil pessoas até 2008.

A Renault/Nissan, por sua vez, anunciou a contratação de 650 pessoas no ano que vem e, até 2009, investimentos de US$ 360 milhões e cinco novos – dois deles já foram lançados. Espera-se que 2007, com o lançamento do sedã Logan, represente o fim da estagnação nas vendas e da ociosidade da fábrica de São José dos Pinhais, hoje próxima a 70%. Se o plano dos franceses der certo, o primeiro lucro da unidade, inaugurada no fim de 1998, chegará até 2009. Por enquanto, tudo o que a fábrica tem a comemorar é um crescimento de 0,4% nas vendas dos modelos Renault e Nissan – a menor expansão entre as nove montadoras de veículos leves instaladas no Brasil.

A Case New Holland (CNH), fabricante de máquinas agrícolas, deve produzir 8,7 mil unidades neste ano, com crescimento de 13%. É pouco, no entanto, perto do recorde de 15,1 mil tratores e colheitadeiras produzidas em 2004. Além de sofrer com a desvalorização do dólar, a unidade da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) ainda sente o impacto da crise no campo. A venda de tratores cresceu 40% de janeiro a novembro, mas a de colheitadeiras – mais lucrativas – recuou 36%.

A Volvo, por sua vez, apresenta números melhores que os dos mercados em que atua. A venda de ônibus, por exemplo, cresceu 114% neste ano – bem superior à média do mercado, de 21%. Mas o número de unidades produzidas (240) é muito pequeno para fazer frente à queda das vendas de caminhões, que recuaram 1%, para 5,5 mil unidades – resultado até positivo em um setor que encolheu cerca de 5% neste ano. Problema grande está nas exportações: o faturamento da empresa com o mercado externo, que foi de US$ 480 milhões de janeiro a novembro de 2005, despencou para US$ 295 milhões em igual período deste ano.

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