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O próspero setor minerador brasileiro deve mais do que triplicar sua produção de minério de ferro, cobre e ouro até 2030, mas o país deveria estimular o processamento local desses materiais e estar atento à excessiva dependência da China, de acordo com o Plano Nacional de Mineração (PNM) 2030, lançado nesta terça-feira.

O abrangente projeto antevê investimentos de cerca de 270 bilhões de dólares nos próximos 20 anos, mas reforça a crescente preocupação de que a economia brasileira, muito dependente da exportação de matérias-primas, não estaria gerando tantos empregos quanto poderia, e estaria sujeita aos caprichos do gigante asiático.

"Está claro que há uma necessidade de mudança na gestão dos nossos recursos minerais", disse o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, no lançamento do plano em Brasília.

O documento diz que o Brasil está entrando numa fase de "especialização reversa", ou seja, com a predominância da exportação de matérias-primas em detrimento de bens de média e alta tecnologia.

O documento não cita exigências ou incentivos específicos para que as empresas agreguem valor aos seus produtos antes de exportá-los, mas projeta investimentos em torno de 170 bilhões de dólares na transformação de minerais até 2030.

Essa é a primeira atualização desde 1994 para a estratégia brasileira relacionada ao setor de mineração. Ela ocorre num momento em que o governo prepara uma reforma do marco regulatório do setor, o que pode incluir um aumento nos royalties relacionados à mineração, aproveitando a alta dos preços globais.

Nos últimos anos, o governo tem pressionado as mineradoras, particularmente a gigante Vale, a agregar mais valor a sua produção.

China

O documento também salienta a "preocupante" dependência do Brasil em relação à China, seu maior parceiro comercial, e acrescenta que o país deveria se empenhar em ampliar sua base de compradores, reduzindo assim sua exposição em caso de recuo econômico chinês.

"No longo prazo, o mercado de bens minerais está sujeito às oscilações, às vezes abruptas, dos ciclos de negócios. Isso revela a necessidade de diversificar tanto a produção quanto os mercados, especialmente no caso do minério de ferro", afirmou o documento.

A China importou em 2010 o equivalente a 12,2 bilhões de dólares em minério de ferro do Brasil. A exportação total de minério de ferro pelo país foi de 29 bilhões de dólares.

O relatório diz também que o alto custo da energia no Brasil pode reduzir a competitividade do país na produção de alumínio, que exige grandes quantidades de eletricidade, e eventualmente forçaria a nação a importar.

Paulo Camillo Pena, presidente da Ibram, entidade setorial da mineração, disse que o plano é um bom começo, mas que o Brasil precisa focar na melhora da infraestrutura, na redução de impostos e no treinamento de profissionais.

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