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Com os pátios cheios de carros novos, montadoras como a Volkswagem precisaram reduzir as linhas de produção no último mês | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Com os pátios cheios de carros novos, montadoras como a Volkswagem precisaram reduzir as linhas de produção no último mês| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Carga

Impostos representam 28% do preço total de um carro, diz Anfavea

Para justificar o benefício da manutenção da alíquota do IPI, a Anfavea apresentou estudo sobre o tamanho da carga tributária que incide sobre os veículos produzidos no país. Em uma simulação levando em conta automóveis flex com motorização ente 1.000 e 2.000 cilindradas, a incidência de impostos (IPI, ICMS, PIS/Cofins e outros tributos "ocultos") chega a 28% do preço total do carro. O porcentual é bem acima dos 18% de um carro vendido na Itália, 7% nos EUA e 9,9% no Japão.

As dificuldades poderão ajudar o México a desbancar o Brasil do posto de maior produtor de automóveis da América Latina. Segundo a consultoria IHS Automotive, a produção mexicana ficou ligeiramente à frente da brasileira nos primeiros cinco meses do ano. Será a primeira vez desde 2002, quando a produção nacional teve queda de 41 mil veículos.

A produção de veículos – automóveis, caminhões, ônibus e comerciais leves – caiu 23,3% em junho sobre maio no país, informou ontem a Anfavea, que reúne as montadoras. No acumulado do ano, até junho, o número de veículos que saiu das fábricas encolheu 16,8% ante igual período do ano passado. Já em junho, na comparação com o mesmo mês de 2013, o recuo foi de 33%.

INFOGRÁFICO: Veja o desempenho sobre a produção de veículos no Brasil

A repetição de números negativos desde os primeiros meses do ano levou a Anfavea a revisar para baixo suas previsões para 2014. No início do ano, a entidade previa aumento de 1,4% na produção de veículos. Agora, a projeção é de queda de 10%. Para os licenciamentos, que podem ser lidos como fluxo de vendas, a alta de 1,1% prevista para o ano, virou retração de 5,4%.

Ainda assim, Luiz Moan, presidente da Anfavea, espera que os próximos meses sejam melhores. Para a produção no segundo semestre, ele está esperando alta de 13,2% na comparação com o primeiro semestre. Para as vendas, Moan prevê a possibilidade de aumento de 14,3% entre julho e dezembro. Ele salientou a importância da manutenção da alíquota menor para o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a reversão do quadro negativo.

"Vamos ter um aumento significativo de agora em diante. Vamos retomar o fluxo normal de vendas neste segundo semestre. Se o IPI tivesse aumentado, o crescimento de 14,3% que prevemos se transformaria numa queda de 10% nas vendas no segundo semestre", afirmou ele, lembrando que o número maior de dias úteis e a sazonalidade também vão ajudar na retomada das vendas no segundo semestre do ano.

O executivo disse ainda que a seletividade e a redução no crédito ainda estão prejudicando as vendas de automóveis no país. Segundo Moan, de cada cem pedidos de financiamento, apenas 30 são aprovados pelas financeiras.

Desemprego

O desempenho negativo da indústria do setor também vem reduzindo o número de postos de trabalho nas montadoras e na cadeia automotiva como um todo. Entre janeiro e junho, segundo dados da Anfavea, o nível de emprego foi reduzido em 3,7%, com 5.500 demissões.

Levantamento preliminar da Força Sindical, que têm vários sindicatos de metalúrgicos filiados em todo o país, aponta que só nos últimos 50/60 dias as demissões já atingiram mais de 10 mil trabalhadores em toda a cadeia automotiva, incluindo-se a dispensa em empresas de autopeças e fornecedores de equipamentos elétricos e eletrônicos, que estão sofrendo mais com a forte redução nas vendas de automóveis.

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