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A produção industrial e os gastos dos consumidores do Japão apresentaram em março as maiores quedas já registradas, informou hoje o governo. O impacto do terremoto e do tsunami que atingiram o país e a atual crise nuclear prejudicaram a economia. A produção das fábricas e das minas caiu 15,3% em março, na comparação com o mês anterior, o que representa o maior declínio desde que o governo começou a divulgar dados comparáveis, em fevereiro de 1953, de acordo com o Ministério da Economia, Comércio e Indústria. Metade dessa queda está ligada à produção automobilística, que despencou 46,4%.

O número da produção industrial é "um dado muito chocante", disse o ministro da Economia, Kaoru Yosano. O Banco do Japão (BOJ, o banco central do país), reduziu sua previsão de crescimento para o ano fiscal que começou em 1º de abril, devido ao impacto dos problemas de oferta causados pela crise.

Em seu relatório semestral de perspectiva, o BOJ disse que seu conselho de nove membros agora prevê crescimento de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) real para este ano fiscal, que começou em abril, comparado a uma estimativa de 1,6% na revisão de janeiro. O banco prevê, no entanto, uma forte recuperação no ano que vem e projeta uma expansão de 2,9% para o ano fiscal que começa em 1º de abril de 2012. Em janeiro, o BOJ previa crescimento de 2%.

Gastos

Outros dados divulgados hoje revelaram que o gasto das famílias caiu 8,5% em março, em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo o Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações. Este foi o pior desempenho desde que começaram a ser apresentados dados comparáveis, em janeiro de 1964.

A produção de maquinário geral, produtos químicos, artigos de plástico, aço, maquinário eletrônico, produtos metálicos, metais não ferrosos, instrumentos de precisão e derivados de petróleo recuou a taxas porcentuais de dois dígitos em março.

Já a taxa de desemprego ficou inalterada em 4,6% em março, segundo o ministério. Mas a precisão deste dado é questionável, porque o governo excluiu números das três prefeituras mais atingidas pela catástrofe de março, devido à dificuldade de entrevistar as famílias na região.

Já o Ministério de Terras, Infraestrutura e Transporte informou que as encomendas de construção recebidas pelas 50 maiores empreiteiras do país caíram 11% em março, com os pedidos do setor público diminuindo 28,2%.

O economista-chefe do Dai-Ichi Life Research Institute, Toshihiro Nagahama, disse que os problemas no Japão vão prejudicar a produção de seus parceiros comerciais, incluindo os EUA. "Nossas estimativas mostram que, quando a produção industrial registra queda mensal de 10%, a produção industrial dos EUA se reduz em 0,8 ponto porcentual no mesmo mês", afirmou. "O impacto nos países asiáticos será ainda maior." Porém, os economistas parecem concordar que o pior da recessão induzida pela catástrofe ocorreu em março.

Na pesquisa de produção, os industriais disseram ao Ministério da Economia, Comércio e Indústria que esperam um aumento de 3,9% na produção de 3,9% em abril e 2,7% em maio. Porém, o economista Hiroshi Watanabe, do Daiwa Institute of Research, disse que "até o fim do ano a produção dificilmente vai voltar aos níveis de fevereiro".

O governo espera obter a aprovação do parlamento, na próxima segunda-feira, para implementar um pacote de ajuda de 4 trilhões de ienes. Mas economistas dizem que ele deve gastar mais em esforços de recuperação, mesmo que isso leve a dívida do país a crescer ainda mais, sob pena de os cenários de recuperação não se tornarem realidade.

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