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Internacionalização

Produção terceirizada tem a China como o principal endereço

Se por um lado a China não é o foco quando se fala em investir em fábricas próprias, o mesmo não se pode dizer quando a estratégia é terceirizar a produção. O movimento ganhou força nos últimos anos e é crescente o número de empresas que vêm optando pelo modelo, principalmente entre as fabricantes de eletrodomésticos de linha branca, eletroeletrônicos e calçados. Dispostas a aproveitar a mão-de-obra barata e o câmbio favorável à importação, muitas marcas elevaram o volume de produtos trazidos da China.

Resistências

Mas o movimento encontra resistência, principalmente entre os que acreditam que, no futuro, as empresas podem optar por transferir linhas inteiras de produção para fora do Brasil, gerando desemprego e desindustrialização. No Paraná, um exemplo desse movimento foi dado pela Britânia Eletrodomésticos, que fechou a fábrica em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, em 2006, e optou por trazer boa parte da sua linha de produtos de fornecedores da China. Com o encerramento da produção no Paraná, a empresa manteve apenas a fábrica de Camaçari (BA) e um centro de distribuição em Joinville (SC). A sede administrativa ainda funciona em Curitiba, no bairro Hugo Lange. A Suggar Eletrodomésticos é outra que investiu na terceirização da produção e hoje mais de 80% do seu portfólio é produzido por empresas chinesas.

Além de eletrodomésticos, empresas dos segmentos de eletroeletrônicos, material de construção, brinquedos, têxtil, confecções, calçados, entre outras, já estão importando produtos acabados fabricados na China e os vendem aqui com marca brasileira.

"Trata-se de uma tendência forte, que se amparou, mais do que no custo de produção chinês, na valorização do real, que estimulou as importações", afirma Gilmar Mendes Lourenço, coordenador do curso de economia da Unifae. De acordo com ele, terceirizar a produção com fornecedores chineses é uma solução mais rápida e flexível para as empresas. "Se o câmbio inverte sua tendência, por exemplo, é muito mais simples deixar de importar da China do que desmobilizar um investimento industrial", diz. Para Mendes Lourenço, as restrições do governo chinês ao investimento direto em alguns setores – onde se exige que a empresa de fora tenha um parceiro chinês – também contribuem para esse cenário. A China tem hoje um custo de produção praticamente imbatível em várias áreas, graças aos baixos salários, à ausência de controles ambientais e à incorporação de novas tecnologias.

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