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Ponta Grossa – As barreiras impostas por Santa Catarina e São Paulo na divisa com o Paraná, devido à suspeita de focos de febre aftosa, começam a causar problemas para a produção leiteira do estado. Por falta de local para estocar a produção, pecuaristas da região dos Campos Gerais – uma das bacias leiteiras mais tecnificadas do país – começam a jogar o leite fora. Mesmo resfriado, o produto só pode ficar estocado de 24 a 48 horas. Mas com os caminhões que fazem a coleta retidos em Sengés, na divisa do Paraná com São Paulo, os produtores não conseguem repassar o leite para as cooperativas. Assim, sem local para estocar o produto e sem transporte, a solução é jogar fora o produto.

"Nosso anseio é que São Paulo reveja essa condição, caso contrário a situação ficará caótica", prevê o coordenador de produção leiteira da Cooperativa Castrolanda, de Castro, Rogério Wolf. Ontem, ele determinou o retorno dos caminhões que estavam retidos na barreira, em Sengés. Os 15 veículos voltaram com 375 mil litros de leite, que ainda não tem destinação certa. Hoje, pelo menos metade da produção começa a azedar e terá que ser jogada fora. Amanhã, caso a situação permaneça como está, a outra parte também será desperdiçada. "Isso é mais um problema, onde vamos jogar o leite?" Segundo Wolf, por uma questão ambiental, o produto tem que passar por um processo de tratamento antes de ser jogado num local específico e apropriado.

Sem estrutura própria para estocagem, os produtores perderão a produção diária. Os primeiros atingidos são os pequenos pecuaristas, que possuem menos capacidade de armazenagem. Ontem, Raul Fernando Los só não perdeu parte da produção diária porque o último caminhão disponível da Castrolanda passou no final da tarde em sua propriedade. Ainda assim, antes da chegada do transporte, o produtor teve que deixar transbordar do tanque cerca de 100 litros. A carreta esvaziou os dois tanques do pecuarista, que hoje poderá estocar 1,6 mil litros, dos 1,9 mil produzidos diariamente.

Castro e Carambeí produzem diariamente 600 mil litros de leite. Desse total, 70% são vendidos para outros estados brasileiros – principalmente São Paulo – e o restante é absorvido pela Batávia, em Carambeí. Até ontem, a indústria de lácteos conseguia absorver a produção, mas nos próximos dois dias a barreira ainda pode comprometer sua produção. Mesmo transportando produtos industrializados, os caminhões da empresa também estão retidos em Sengés. Até ontem, oito caminhões carregados com iorgutes e leites longa vida aguardavam a liberação. "Não se perde a produção, mas o prazo de validade dos produtos vai diminuindo", afirma o advogado da empresa José Shell Júnior.

Segundo Shell, a barreira ainda não afetou diretamente a empresa, mas se permanecer por mais quatro ou cinco dias a situação ficará caótica. "Esse é um mercado muito competitivo. Se a gente não colocar o nosso produto nas prateleiras dos supermercados, outros colocarão, e se não sai produto não há venda."

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