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O anúncio surpreendente do primeiro-ministro George Papandreou de que vai fazer um referendo - para verificar se a população grega aprova os cortes de gastos necessários para a liberação do pacote de resgate ao país - intensificou a crise da zona do euro e derrubou os mercados internacionalmente. O pacote de resgate da Grécia fica em xeque se a população rejeitar em votação popular a aprovação dos cortes de gastos. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) era duramente impactada. Por volta de 11h20, o Ibovespa, referência do mercado, tombava 3,66%, aos 56.203 pontos.

No mercado de câmbio, o dólar comercial disparava 3,05% ante o real, a R$ 1,754 na compra e R$ 1,756 na venda.

Entre as ações mais negociadas na bolsa, Petrobras PN caía 3,18%, a R$ 20,64, Vale PNA tombava 3,16%, a R$ 39,51, e OGX Petróleo ON despencava 4,43%, a R$ 13,57.

Por volta de 11h12 desta terça-feira, em Londres, o FTSE 100 caía 3,44%. Em Paris, o CAC 40 recuava 5,44%. Em Frankfurt, o DAX tombava 5,81%. Em Madri, a queda chegava a 4,63%. Em Milão, o FTSE MIB desabava 6,99%.

Na Ásia, os principais mercados fecharam em queda pelo temor de que um referendo anule os esforços europeus para conter a crise. Em Tóquio, o índice Nikkei encerrou em baixa de 1,70%. Uma outra razão para vender foi a queda do índice manufatureiro da China em outubro, fazendo o mercado de Hong Kong perder 2,49%. O índice de Seul teve leve alta de 0,03%. A bolsa de Taiwan avançou 0,45%, enquanto o índice referencial de Xangai ganhou 0,07%. Cingapura retrocedeu 2,33% e Sydney fechou com desvalorização de 1,52%.

O motivo da reviravolta nos mercados é que os líderes da zona do euro concordaram na semana passada em conceder a Atenas um segundo pacote, de 130 bilhões de euros, e a anistia de 50% de sua dívida. Só que tentar aprovar esse pacote via referendo só coloca em dúvida a capacidade de colocá-lo em prática.

O governo grego quer colocar as medidas em consulta popular, porque exigem um programa de cortes de gastos bastante impopular, que já desencadeou uma onda de protestos entre os gregos.

O primeiro-ministro da Grécia se comprometeu a convocar o referendo em discurso a parlamentares do dividido Partido do Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), mas não falou em data específica para a votação. Papandreou disse que precisava de maior apoio político para as medidas fiscais e as reformas estruturais exigidas pelos credores internacionais.

"Temos fé nos nossos cidadãos. Acreditamos no seu juízo e, portanto, na sua decisão", disse Papandreou, após rejeitar pedido para antecipar as eleições. Todas as forças políticas do país devem apoiar as exigências do pacote de resgate. Os cidadãos vão fazer o mesmo assim que tiverem integralmente informados.

Uma autoridade da União Europeia disse ao jornal britânico "Financial Times" que ninguém esperava um referendo para aprovar o pacote de resgate.

"Acho que ninguém esperava isso. A análise é que essa é a única forma que ele acredita conseguir aprovar o pacote", disse.

Um líder da coalizão da chanceler alemã, Angela Merkel, disse na terça-feira que estava "irritado" com o anúncio de Papandreou.

"Isso soa como alguém que está tentando se esquivar do que foi acordado -uma coisa estranha a se fazer", disse Rainer Bruederle, líder parlamentar do Partido Liberal Democrata FDP).

Na China, o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) recuou para 50,4 em outubro, de 51,2 em setembro. O indicador do setor manufatureiro do país veio bem abaixo da mediana das previsões feitas por analistas ouvidos pela Dow Jones, de 51,7 para outubro.

Já no cenário nacional, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostrou que a produção industrial caiu 2% em setembro na comparação com o mês anterior, na série com ajustes sazonais. Em agosto a produção havia caído 0,1% (dado revisado) na mesma comparação.

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