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O que faz um empresário brasileiro pensar em investir em um país conhecido como fonte de contrabando, e grande fabricante e distribuidor de mercadorias falsificadas? Basicamente, a lista de incentivos apresentados pelos paraguaios – que é ampla. "O Paraguai é considerado o país mais barato para se produzir no mundo. Existem apenas quatro impostos, mais os encargos trabalhistas", diz Wagner Enis Weber, diretor geral do Instituto de Estudos Econômicos e Sociais do Paraná (Ineespar).

A carga tributária paraguaia corresponde a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, enquanto no Brasil esse índice deve fechar 2006 na casa de 37% do PIB. Os encargos são de 16,5% do salário do trabalhador – no Brasil, passam de 100%. A energia elétrica no Paraguai custa o equivalente a 10% do que se paga no Paraná. A propaganda institucional da Rede de Investimentos e Exportações (Rediex) ainda cita a estabilidade macroeconômica do país, que tem baixa inflação e paga em dia os empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo dados do governo norte-americano, a dívida pública do Paraguai equivale a 36% do PIB, bem inferior à do Brasil, que beira os 52% do PIB.

Além disso, o preço dos imóveis é baixo e, com sindicatos mais fracos, as relações entre empregados e patrões são bem mais suaves por lá. Para completar, praticamente não existe burocracia para importar ou exportar qualquer produto. Já no Brasil, o comércio exterior é regulamentado por mais de 3,6 mil leis, portarias e normativas – e o empresário precisa reunir, em média, sete documentos e oito autorizações para exportar uma mercadoria, o que consome 40 dias, em média.

Por outro lado, o Paraguai é pouco industrializado, com cadeias produtivas em estágio inicial de desenvolvimento. A indústria gera apenas 20,7% das riquezas do país (no Brasil são 40%), o que indica, entre outras coisas, maior dificuldade para obter matéria-prima local. O país carece de mão-de-obra qualificada, a infra-estrutura ainda é precária e o mercado interno é muito reduzido – a população total é de apenas 6,5 milhões de pessoas, das quais 32% estão abaixo da linha da pobreza, frente a "apenas" 22% no Brasil.

Crescimento

Mesmo quando a comparação é com o Paraná, os vizinhos ficam bem atrás em termos de desempenho econômico. Com 10,3 milhões de habitantes, o estado tem um PIB que equivale a quase sete vezes o do Paraguai. "O mercado paraguaio ainda tem muito a crescer; precisa fazer a lição de casa. Mas, com o crescimento do parque industrial e as reformas promovidas pelo governo, o maior volume de capital circulando no país vai inevitavelmente refletir-se no mercado consumidor", avalia o superintendente do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV), Norman Arruda.

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