• Carregando...
 |
| Foto:

Quem se preocupou em garantir uma aposentadoria tranqüila fazendo um plano de previdência privada com parte do investimento em ações pode estar ficando com os cabelos brancos antes da hora. A crise nos mercados fez com que parte do dinheiro guardado para a velhice simplesmente evaporasse no sobe-e-desce da bolsa.

Os fundos de previdência permitem que até 49% do investimento seja feito em renda variável. Isso amplia a possibilidade de rendimentos, e também os riscos. Geralmente, a estratégia só funciona quando a economia vai bem. Em um cenário de crise, o efeito é exatamente o inverso: a queda brusca das ações na bolsa inevitavelmente compromete parte da poupança previdenciária.

Uma questão comum para quem optou por uma estratégia de poupança mais arriscada é se este é o momento certo de migrar para um plano mais conservador como forma de diminuir os prejuízos até que o cenário volte a ser favorável. Isso é perfeitamente possível, mas o conselho dos especialistas é o contrário.

"A poupança previdenciária é um investimento que requer visão de longo prazo. Um ciclo desfavorável de um mês, seis meses ou até mesmo dois anos não justifica uma mudança brusca de estratégia. Sair agora é prejuízo certo", avalia o consultor em previdência social Renato Follador. "Para quem vai se aposentar mês que vem não adianta fazer mais nada."

O especialista orienta os poupadores a ter sangue frio. "Quem segue a manada é amador ou é investidor especulativo. A pior coisa para quem investe em previdência é olhar para a bolsa todos os dias."

Segundo Follador, o momento é até favorável para quem quer ampliar a participação em renda variável, uma vez que as principais ações estão até 50% mais baratas do que há algumas semanas e a tendência é de que elas recuperem o valor nos próximos anos. "Em algum momento no futuro a bolsa vai se recuperar. Temos empresas lucrativas, sólidas em ativos e com fluxo de caixa bastante interessante", avalia Follador.

O psicólogo Luís Massad conta que fez no final do ano passado um plano com 40% investidos em renda variável. "Contribuo todo mês e já fiz um aporte alto, mas com essa queda da bolsa, ao invés de render, minha previdência está caindo a cada dia. Estou preocupado", diz. Em 2006 e 2007 o plano teve um rendimento médio de 20% ao ano, enquanto em 2008 acumula perdas de 2%.

Mesmo assim, Massad confia que no longo prazo a situação vai se reverter. "Agora é torcer pra que a recuperação aconteça logo", diz.

Na opinião do superintendente de negócios e varejo da BrasilPrev, Arizoly Rodrigues Pinto, isso vai mesmo acontecer. "Por mais que não se saiba até quando vai durar a atual crise, existe a certeza de que outro ciclo de alta vai suceder este ciclo de baixa", afirma. "Quem tem parte da aplicação em renda variável não deve mexer agora. O risco é de perder a retomada do próximo ciclo de recuperação, acumulando prejuízo duplo."

Proporção ideal

Para os especialistas, não existe uma proporção ideal para definir a aplicação em renda fixa ou variável. Pelas regras do setor, o poupador pode optar por aplicar de 0% a 49% em renda variável. A orientação aos mais conservadores é a de ter sempre, no máximo, 10% investidos em um fundos de ações. Para os mais arrojados, este índice pode chegar a 40%.

"Geralmente recomendo 70% em renda fixa e 30% em renda variável, com 15 ações de forte liquidez, que possuam um histórico de pagar no mínimo 6% em dividendos", explica Follador.

"Quanto mais longo o prazo do investimento, maior deve ser a proporção em renda variável", conclui Rodrigues Pinto, da BrasilPrev. Quando a aposentadoria se aproxima, é recomendável diminiur a exposição à renda variável.

Captação

Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), o mercado de previdência privada apresentou captação recorde de R$ 20 bilhões no acumulado de janeiro a agosto de 2008, um crescimento de 18,5% em relação aos R$ 17 bilhões captados no mesmo período em 2007. O resultado foi impulsionado pela categoria VGBL, que cresceu 25,3% no período, com R$ 15 bilhões, contra os R$ 12 bilhões registrados em 2007.

Entre as instituições, a Bradesco Vida e Previdência liderou o ranking de captação nos primeiro sete meses, com 34,43% do total arrecadado, seguido pelo Itaú (18,21%), BrasilPrev (11,61%), Caixa (11,44%), Unibanco (6,79%), HSBC (4,56%), Santander (3,48%), Real Tókio Marine (3,09%), Icatu Hartford (0,80%), Capemisa (0,77%). As demais seguradoras somam, no total, 4,82% da captação.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]