A baixa do dólar nos últimos meses tem beneficiado principalmente os consumidores de artigos eletrônicos, que em grande parte são importados ou contêm componentes feitos no exterior. Alguns preços já caíram mais de 30%.
Na A 17 Computer e Games, do Rio Sul, no Rio de Janeiro, o câmbio garantiu iPods, notebooks e câmeras digitais até 25% mais em conta. Entre eles: câmera Sony W30 de R$ 1.199 para R$ 899 (-25%), e iPod Nano 2GB de R$ 999 para R$ 849 (-15%). O recuo dos preços aumentou em 15% a procura por esses produtos nas últimas semanas. E, na Mr. Ligadão do NorteShopping, a filmadora Sony Hi8 passou de R$ 1.999,90 a R$ 1.299,90 (-35%).
Na avaliação de Arthur Isoldi, gerente de Notebooks da Lenovo, que desenvolve computadores, o dólar contribuiu muito para derrubar os preços de notebooks. Muitos componentes (chips e processadores) são importados. Ele lembra, porém, que as ações do governo também ajudaram:
- Em fins de 2004, um notebook inicial saia por R$ 3.999, e um avançado, por R$ 5.999. A MP do Bem (que reduziu alguns impostos) baixou esses modelos para R$ 2.999 e R$ 4.999, respectivamente, em fins de 2005. O dólar levou esses artigos a preços de R$ 2.499 e R$ 4.400 em fins de 2006. Mais baixas em janeiro, para R$ 2.199 e R$ 3.999, graças ao PAC (programa que ampliou a isenção de impostos de importação).
Ainda pode haver baixas, pois os efeitos, nesse setor, são imediatos devido à concorrência. Há potencial para mais quedas de preço, e o dólar vai pesar.
A Epson também anunciou redução de 13% no preço de seus cartuchos de tintas para impressoras de PCs devido à queda da moeda americana.
De acordo com Gustavo Assunção, gerente de desenvolvimento de mercado da multinacional japonesa, a medida deve-se a praticamente dois fatores: queda do dólar e crescimento do mercado de PCs.
O economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), reconhece que os efeitos do câmbio já podem ser sentidos mas lembra que esse benefício aos consumidores pode não se prolongar por muito tempo.
- Quedas mais intensas podem não ocorrer: o dólar pode não se sustentar nesse nível.



