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Campo de óleo de xisto na Califórnia: custo de produção alto | Lucy Nicholson/Reuters
Campo de óleo de xisto na Califórnia: custo de produção alto| Foto: Lucy Nicholson/Reuters

Eles injetaram mais de US$ 1,4 trilhão no setor de petróleo e gás nos últimos cinco anos, quando a média de preços do petróleo superava US$ 91 por barril. A injeção de dinheiro ajudou a produção de petróleo bruto dos EUA a atingir seu nível máximo em mais de 30 anos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Agora que os preços do petróleo caíram para menos de US$ 46, qualquer euforia causada pelo barateamento da energia será moderada pelas perdas que estão começando a surgir em fundos de investimentos, contas de aposentadoria e balanços de bancos. O mercado baixista eliminou um total de US$ 393 bilhões desde junho – US$ 353 bilhões das ações de 76 empresas no índice Bloomberg Intelligence North America Exploration Production, e quase US$ 40 bilhões de títulos do setor de energia com rendimentos altos, emitidos por muitas perfuradoras de xisto.

"A única coisa que as pessoas estão percebendo agora é que os preços da gasolina estão caindo", disse Sean Wheeler, copresidente da equipe do setor de petróleo e gás do escritório de advocacia Latham Watkins LLP em Houston. "As pessoas ainda não perceberam que isso também vai afetar seus portfólios."

O dinheiro que fluiu para empresas de petróleo e gás do mundo inteiro nos últimos cinco anos veio de várias fontes. O setor concluiu US$ 286 bilhões em joint ventures, investimentos e divisões, arrecadou US$ 353 bilhões em aberturas de capital e posteriores vendas de ações e tomou emprestados US$ 786 bilhões em títulos e créditos.

O colapso pegou investidores e credores de surpresa. Há oito meses, a petroleira Energy XXI Ltd., com sede em Houston, vendeu US$ 650 milhões em títulos. A demanda foi tão alta que a empresa mais do que dobrou o tamanho da oferta. Hoje, a dívida é negociada a menos de 50 centavos por dólar e as ações declinaram 88%.

A Energy XXI, que tem mais de US$ 3,8 bilhões em dívidas, é uma das mais de 80 empresas de petróleo e gás cujos títulos caíram para níveis de dificuldades financeiras, o que significa que seus rendimentos estão mais de 10 pontos porcentuais acima da dívida do Tesouro americano, porque os investidores apostam que as obrigações não serão reembolsadas.

As ações e títulos da Energy XXI e de outras empresas de energia em apuros foram compradas por fundos de pensões, seguradoras e planos de poupança, que formam os pilares das contas de aposentadoria dos americanos. Investidores institucionais tinham acumulado mais de US$ 963 bilhões em ações de empresas de energia no fim de setembro, segundo Peter Laurelli, vice-presidente de pesquisa em Nova York para a eVestment, uma empresa de análises em Marietta, Geórgia.

Credores

Talvez os credores bancários da Energy XXI também tenham que ajustar as contas. A empresa, que realiza perfurações no Golfo do México, utilizou US$ 974 milhões de uma linha de crédito de US$ 1,5 bilhão outorgada por um grupo de bancos nos EUA. A Energy XXI também tomou dinheiro emprestado de bancos no Reino Unido, na Austrália, no Canadá, na Espanha e no Japão.

Centenas de bancos menores em estados como Texas, Colorado, Oklahoma e Dakota do Norte também se lançaram a emprestar dinheiro a empresas de energia durante o boom do petróleo.

O problema afetará um número maior de pessoas do que se imagina, disse Michael Shaoul, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 9 bilhões como CEO da Marketfield Asset Management LLC em Nova York. "Grande parte desse montante foi parar nos planos de aposentadoria 401(k) e para fundos de pensões e fundos mútuos, e é aí que a maior parte das consequências adversas será sentida".

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