Recessão chega ao mercado de trabalho

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Em outubro foram fechadas 30.283 vagas de trabalho formais no país. É a primeira vez que isso acontece no mês desde que foi iniciada a série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 1999. O número negativo não era esperado nem pelo mais pessimista dos analistas. Segundo pesquisa feita pela AE Projeções, o pior cenário esperado era de um saldo positivo de 50 mil vagas. Em outubro do ano passado, tinham sido criadas 94,8 mil vagas de trabalho. O saldo do mês passado é resultado de 1.718.373 admissões e de 1.748.656 demissões.

INFOGRÁFICO: Confira o número de vagas formais de trabalho em outubro

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, apontou a eleição e a crise hídrica de São Paulo como os principais responsáveis pelo resultado. De acordo com ele, a campanha eleitoral "muito renhida" e os problemas causados pela seca, que inibiram investimentos e consumo no país, responderam por "boa parte" do saldo negativo.

"Como tivemos um debate muito renhido na campanha eleitoral, muita gente deixou de fazer investimentos para esperar passar as eleições para ver como ficava", disse. "A seca também teve papel importante nesses dados, o que pode ser percebido pelo desempenho de São Paulo na pesquisa. Sozinho, o estado teve redução de mais de 20 mil postos de trabalho, dos 30 mil do levantamento."

Apesar das justificativas, que foram acrescidas da crise econômica internacional, o ministro se disse "surpreso" com o saldo negativo. Ele admitiu que o governo pode não alcançar a meta de criação de postos de trabalho prevista para o ano, de 1 milhão de empregos. Mas afirmou não estar preocupado com uma possível onda de demissões que possa estar se iniciando.

Reflexo

Newton Camargo Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, também se mostrou surpreso com o número. Segundo ele, não é comum que o mês apresente um resultado tão ruim. Segundo ele, pode até haver um fator pontual para explicar o desempenho, mas destacou que os números não escondem que os reflexos do comportamento fraco da economia já estão chegando ao emprego.

"Pode até ter algum fator pontual que explique o resultado, mas não deixa de mostrar que, talvez, o quadro de atividade fraca bateu às portas do mercado de trabalho", avaliou.