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“rebaixamento”

Recessão devolve 3,1 milhões de famílias da classe C para as D e E

Queda nos rendimentos e aumento do desemprego são alguns dos fatores que estão empurrando os brasileiros às suas classes de origem

Conforme pesquisa, até 2017 cerca de 10 milhões de pessoas voltarão às classes de D/E. | Antônio More / Gazeta do Povo
Conforme pesquisa, até 2017 cerca de 10 milhões de pessoas voltarão às classes de D/E. (Foto: Antônio More / Gazeta do Povo)

A recessão derrubou parte da nova classe média, a população da classe C, para a base da pirâmide social. Entre 2006 e 2012, no boom do consumo, 3,3 milhões de famílias subiram um degrau, da classe D/E para a C, segundo estudo da Tendências Consultoria Integrada.

Eles começaram a ter acesso a produtos e serviços que antes não cabiam no bolso, como plano de saúde, ensino superior e carro zero. Agora, afetadas pelo aumento do desemprego e da inflação, essas famílias começam a fazer o caminho de volta.

De 2015 a 2017, 3,1 milhões de famílias da classe C, ou cerca de 10 milhões de pessoas, devem cair e engordar a classe D/E, aponta o estudo.

“A mobilidade que houve em sete anos (de 2006 a 2012) deve ser praticamente anulada em três (de 2015 a 2017). Estamos vivendo, infelizmente, o advento da ex-nova classe C”, diz o economista Adriano Pitoli, sócio da consultoria e responsável pelo estudo.

Para projetar esse número, Pitoli considerou que, entre 2015 e 2017, a economia deve recuar 0,7% ao ano; a massa real de rendimentos, que inclui renda do trabalho, Previdência e Bolsa Família, cairá 1,2% ao ano; e o desemprego deve atingir 9,3% da população em idade produtiva em dezembro de 2017 - o maior nível em 13 anos.

O estudo considera a classe C formada por famílias com renda mensal de R$ 1.958 a R$ 4.720 e a classe D/E por aquelas com rendimento mensal de até R$1.957.

“É a primeira queda da classe C em número de famílias desde 2003 e o primeiro ano de crescimento expressivo da classe D/E”, diz Pitoli. Só neste ano, a classe D/E vai ser ampliada em cerca de 1,5 milhão de famílias; em 2016, em 1,1 milhão e no ano seguinte, em 454 mil.

“Grande parte dessas famílias está fazendo o caminho de volta, vieram da classe C”, diz Pitoli. Mas ele pondera que outra parcela é formada pelo surgimento de novas famílias dentro da própria classe D/E.

O economista diz que as pesquisas do IBGE, que são a base da projeção, não permitem saber de quanto é cada parcela, uma vez que a instituição não acompanha família a família. “Mas, naturalmente, a mudança de composição tem a ver com as migrações [de uma classe para outra].”

Para o economista Mauro Rochlin, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os fatores que levam parte das famílias da classe C a retornar ao estrato de origem são a alta no número de desempregados, o fechamento de vagas, a estagnação do salário médio real e o crédito mais caro e restrito. “Tudo isso conspira a favor da ideia de que estaria havendo essa migração.”

Maurício de Almeida Prado, sócio-diretor do Plano CDE, consultoria com foco na baixa renda, aponta que a faixa mais vulnerável à recessão é a baixa classe C, uma vez que 50% dela estão na informalidade. “A classe média baixa tem maior risco de voltar atrás. Ela tem pouca escolaridade, sente muito a queda da economia pelo emprego informal, quase nenhuma poupança e uma rede de contatos limitada para obter emprego.”

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