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Uma empresa de Curitiba está transformando antigos problemas sanitários em dinheiro. A Reciclon – recém-criada pelo engenheiro ambiental Otávio Malucelli e pelo jornalista João de Oliveira – venceu em janeiro uma concorrência pública da prefeitura da cidade. Com o contrato, ela compra o lixo verde – galhos e montanhas de grama e gravetos – colhido pela limpeza municipal pelo qual paga R$ 0,12 por tonelada. "Até com transporte economizamos, pois antes levávamos os dejetos diariamente para fora da cidade, e hoje transportamos somente até a empresa recicladora, situada no bairro Ganchinho", explica o superintendente da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, Mário Rasera.

Segundo Malucelli, com uma máquina trituradora, a Reciclon transforma mensalmente 1,5 mil toneladas desse lixo em combustível para caldeiras industriais de empresas que estão alterando a matriz energética poluidora para a biomassa. Doze funcionários da empresa garantem a entrega diária a quatro clientes – que podem optar por receber o material completo ou apenas os resíduos de madeira, que servem para queima com maior poder calorífico ou para a fabricação de aglomerados de madeira. O insumo também pode ser prensado para produzir briquetes (pequenos tijolos de resíduos que substituem a lenha e o carvão).

Segundo os compradores, o gasto com o material equivale a um terço do daquele com combustíveis fósseis, como óleo e gás natural, por exemplo. A fábrica de celulose e papel Cocelpa usava o óleo para suas caldeiras quando decidiu trocá-lo pela biomassa produzida pela Reciclon. Para isso, precisou trocar uma das caldeiras, já que a biomassa tem poder calorífico menor, e adquirir uma nova turbina geradora de energia elétrica. Hoje, cascas de madeira e serragem representam 22% da alimentação da caldeira. "Com isso, nos tornamos 75% auto-suficientes em energia", explica a engenheira química da empresa, Cristiane Chichocki. Situação invejada por empresas de diversos ramos que sofrem com o aumento do preço dos derivados de petróleo.

Também cliente da Reciclon, a agroindústria Da granja fez um estudo de custo-benefício entre opções de combustível. Chegou à conclusão de que a biomassa é ideal para gerar o vapor necessário para a fabricação de ração. "Estamos viabilizando a extinção de equipamentos que poluem e agridem árvores", diz o gerente da companhia, Nelson da Fonseca. Só a substituição do óleo pela serragem trouxe uma economia de R$ 70 mil por mês, segundo o executivo. Além disso, a matéria orgânica chega à indústria regularmente, eliminando gastos com armazenagem.

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