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Perdas

Bovespa acumula queda de 15% no ano

A bolsa de valores fechou pela primeira vez desde maio de 2010 no patamar dos 58 mil pontos, e já acumula uma desvalorização de 15% desde o início do ano. Apesar das perdas registradas neste ano, os pontos de interrogação no front externo e doméstico ainda não animam o investidor a ficar na ponta de compra do mercado.

"A discussão em torno do teto da dívida norte-americana seguirá como foco junto com o anúncio dos balanços, ainda mais numa semana com agenda não tão relevante", comenta Eduardo Dias, analista da Omar Camargo Investimentos. Na análise dessa corretora, a bolsa pode ter recuperações pontuais nos próximos dias, sem escapar, no entanto, da tendência predominante de baixa.

O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, retrocedeu 1,08% no fechamento, aos 58.837 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,36 bilhões, mas inflado pelo vencimento de opções, que movimentou R$ 2,4 bilhões. Opções são contratos em que as partes negociam direitos de compra ou de venda de um ativo financeiro, até um prazo determinado.

Limite

Companhias podem recomprar até 10% dos papéis

Para recomprar ações, as empresas devem pedir autorização à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado. Esses programas permitem adquirir até 10% dos papéis em circulação, desde que respeitado o limite de 25% do chamado "free float" – porcentual mínimo de ações que a empresa deve deixar no mercado, segundo as regras de alguns segmentos da bolsa.

Bradesco

Por precisar de autorização da CVM para a recompra, o Bradesco decidiu há alguns anos manter o programa sempre aberto, renovando sua autorização a cada seis meses. "Nós procuramos manter o programa aberto porque seu principal objetivo é o efeito positivo no mercado", diz Domingos de Abreu, vice-presidente e diretor de relações com investidores do banco.

Os programas de recompra de ações voltaram. Muito utilizadas em épocas em que o mercado está em baixa, essas operações foram anunciadas – ou renovadas – por di­versas empresas neste ano, como Vale, Bradesco e Cyrela. Para o acio­nista minoritário das companhias, esses programas trazem di­­­versas vantagens, dizem analistas.

A recompra de ações é uma forma de a empresa mostrar aos investidores que acredita que seus papéis valem mais do que o preço pelo qual estão sendo vendidos. Com dinheiro em caixa, as companhias compram parte de suas próprias ações, como forma de aumentar sua negociação e, eventualmente, até elevar seu preço. Além disso, como acreditam que os papéis devem subir no longo prazo, elas também podem lucrar com a venda deles no futuro.

Outra opção é cancelar as ações compradas, como será feito no caso da Vale.

A mineradora – que tem uma das ações mais negociadas da Bovespa – lançou em 30 de junho um programa para recomprar até 5,9% das ações em circulação. Para isso, vai gastar US$ 3 bilhões (R$ 4,72 bilhões). Desde então, sua ação preferencial teve valorização de 2,77% – nos mesmos 15 dias, a bolsa caiu 4,69%.

"Se a empresa lança esse programa de recompra, é porque entende que as ações dela são um bom investimento em relação a outras aplicações que ela poderia fazer com o seu caixa", diz Márcio Cardoso, da Título Corretora.

Por causa dessa sinalização positiva, os analistas acreditam que os acionistas dessas empresas devam manter suas posições. Além disso, pode ser um bom momento para comprar esses papéis. "A recompra tem um viés positivo para os acionistas", afirma Marcelo Varejão, analista-chefe da Socopa.

Se a empresa cancelar as ações, a participação de cada acionista na empresa aumenta automaticamente, mantendo o valor investido. Assim, o lucro por ação cresce. E, na hora de receber os dividendos, cada investidor terá um retorno maior.

Cautela

Leandro Martins, da Walpires Corretora, alerta para o fato de que o anúncio da recompra não é suficiente para fazer os papéis começarem a subir de forma constante. "Em 2008, a ação da Vale teve recompra e continuou a cair. O acionista tem que tomar cuidado, fazer uma análise técnica da ação. Preço não é loteria, não é jogo, é preciso acompanhar a cotação", afirma.

Os analistas concordam, no entanto, que a tendência para os preços é de alta. "A Vale, por exemplo, não faria isso de maneira inconsequente. Se isso fosse só jogada, o mercado perceberia rapidamente", diz Cardoso.

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