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Linha da Ford, em Camaçari: montadoras se recuperam, mas outros setores estão em queda | Paulo Whitaker/Reuters
Linha da Ford, em Camaçari: montadoras se recuperam, mas outros setores estão em queda| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

São Paulo - A retomada ainda tímida da produção industrial em fevereiro faz com que aumente a probabilidade de um recuo forte do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2009. "Antes dos dados divulgados pelo IBGE, eu previa que o PIB poderia cair 1,3% de janeiro a março. Agora, a queda deve ser maior e pode chegar a 2% em relação ao quarto trimestre de 2008", calcula o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.

Para Vale, o desempenho fraco da indústria, com redução de 17% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, reforça sua avaliação de que o Brasil está em recessão. Segundo ele, uma recessão ocorre quando é registrado um brusco movimento de retração do nível de atividade. "O PIB cresceu quase 7% no terceiro trimestre de 2008 ante o mesmo período de 2007, mas desacelerou de forma violenta no quarto trimestre. De outubro a dezembro, o indicador subiu apenas 1,3% ante o mesmo período do ano anterior e caiu 3,6% na margem", comentou.

Vale ressaltou que a produção industrial no Brasil não avança como deveria porque a economia mundial passa pela pior contração desde a Grande Depressão dos anos 30. Diante de um quadro de forte desaceleração da economia, ele acredita que o Banco Central deve repetir a redução dos juros em 1,5 ponto porcentual no dia 29 de abril, quando deve levar a taxa para um dígito: 9,75% ao ano. "Como o BC está preocupado com o nível de atividade e a inflação não chama a atenção no momento, pode ser que em junho a taxa baixe e atinja uma marca próxima a 8,5%", disse.

Banco Central

O resultado da indústria em fevereiro ficou abaixo do esperado, mas está dentro do cenário de recuperação gradual da economia, segundo avaliou uma fonte do Banco Central. Nos bastidores, o BC esperava um número um pouco acima de 2%. Para essa fonte, os dados não permitem descartar a possibilidade de recessão técnica (dois trimestres seguidos de queda no PIB), mas pondera que o PIB depende de outros fatores, como a agricultura, que é muito volátil.

"Olhando-se só para a indústria, o dado reforça o cenário de recessão técnica. Mas não se pode olhar só para isso. É preciso aguardar". Para esse integrante da equipe econômica, a recuperação industrial mais forte deve começar a se desenhar a partir do segundo trimestre. Um indicador importante, diz, é a melhora na confiança do empresariado. "Esse indicador mostra uma recuperação consistente", disse.

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