
Se a economia dos Estados Unidos continuar sua trajetória de recuperação, o resgate das duas gigantes hipotecárias do país, Fannie Mae e Freddie Mac, pode chegar ao fim com um custo adicional relativamente baixo para os contribuintes norte-americanos. No caso de uma nova recessão, entretanto, o socorro estatal dobrará de tamanho. Isso é o que revelam as projeções divulgadas recentemente pelo governo dos EUA.
No cenário mais provável traçado pela Federal Housing Finance Agency (FHFA, agência responsável pelos financiamentos imobiliários), as duas instituições financeiras deverão exigir cerca de US$ 19 bilhões em ajuda extra federal nos próximos três anos. Se o reaquecimento econômico for mais rápido do que o esperado, o estudo mostra que as companhias precisariam de apenas US$ 6 bilhões em novos aportes. Por outro lado, em uma eventual recaída da economia, mais US$ 124 bilhões seriam sugados dos cofres públicos.
Desde 2008, quando a Fannie Mae e a Freddie Mac sofreram intervenção estatal, o Departamento do Tesouro dos EUA já aplicou nas duas instituições US$ 135 bilhões para cobrir perdas causadas por títulos podres. O governo sustenta essas empresas para garantir que o dinheiro dos empréstimos imobiliários continue disponível à população. Mesmo no pior cenário, a FHFA mostra que o ritmo da infusão financeira governamental cairá bruscamente nos próximos anos.
Papel do Estado
Segundo a agência, os números servem para alimentar o debate público a respeito do futuro das duas instituições. No início de 2011, o governo Obama deverá propor mudanças no papel que o Estado hoje assume na área de crédito imobiliário. "As projeções têm a finalidade de oferecer, tanto para os políticos como para o público em geral, informações úteis sobre as consequências do resgate", disse o diretor da FHFA, Edward DeMarco. Em estimativas anteriores, o custo total para sanear as finanças das duas empresas variava bastante alguns analistas de mercado chegaram a dizer que a operação demandaria até US$ 1 trilhão.
A Fannie Mae e a Freddie Mac podem enfrentar novas perdas, à medida que um número crescente de mutuários questiona a legalidade de execuções de dívidas e afirma que os responsáveis pela cobrança das hipotecas não têm cumprido requisitos legais para a retomada de um imóvel. O atraso nas execuções de dívidas custa caro às duas instituições.
Comemoração
A equipe de Obama comemorou o resultado das projeções. Na visão do governo, os números revelam que ambas as instituições acabaram em grande parte com as práticas que deram origem aos prejuízos. Ainda segundo essa percepção, os empréstimos garantidos pela Fannie Mae e pela Freddie Mac nos últimos anos não estariam causando mais problemas. "No cenário mais provável, 90% das perdas das duas instituições já foram cobertas", afirmou, por meio de nota, o subsecretário de finanças domésticas do Departamento do Tesouro, Jeffrey Goldstein. Para ele, no entanto, esse sucesso "não minimiza a necessidade de reformas, para que os contribuintes não tenham de arcar com novos prejuízos no futuro".
Se estiverem corretas, as projeções também confirmariam estimativas lançadas pelo governo Bush, que diziam que o resgate das empresas não consumiria mais do que US$ 200 bilhões. A administração de Obama, por sua vez, garantiu inicialmente que deixaria US$ 400 bilhões à disposição da Fannie Mae e da Freddie Mac. Mais tarde, retirou o limite e prometeu fornecer a quantia que fosse necessária para salvá-las.
Tradução: João Paulo Pimentel



