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A redução do recolhimento compulsório sobre outros tipos de depósitos, como à vista e de poupança, é uma medida que poderá ser adotada pelo Banco Central caso as regras anunciadas até agora não melhorem a liquidez interna do sistema financeiro, segundo expectativa de analistas. "A alteração nessa regra pode ser uma carta na manga do BC para um momento diferente", avaliou Henrique Navarro, do Santander.

Na semana passada, o BC já anunciou um desconto de 40% no recolhimento compulsório para as instituições que comprarem carteiras de crédito de bancos com patrimônio de referência de até R$ 2,5 bilhões. Existem os recolhimentos compulsórios sobre os depósitos à vista, a prazo, de poupança e leasing.

Para o Banif, as medidas anunciadas até agora, que incluem também o empréstimo do BC às instituições financeiras com garantia de carteiras de crédito e o uso das reservas internacionais para operações garantidas por ativos no exterior, são limitadas. O banco defende a necessidade de se reduzir a alíquota dos compulsórios para que a liquidez tenha uma melhora substancial.

A alíquota do depósito à vista é de 45% mais um adicional de 8%. No caso dos depósitos de poupança, é de 20% com um adicional de 10%. O leasing tem uma alíquota de 15%. Esses recursos são remunerados pela correção da poupança (TR + 6% ao ano) e o adicional, pela taxa Selic.

Erivelto Rodrigues, da Austin Rating, acredita que a redução dos compulsórios em maior escala terá efeito na liquidez, mas o BC teria de adotar mecanismos para evitar o "empoçamento" ainda maior do dinheiro. "Os grandes bancos podem até ajudar as instituições menores, mas primeiro vão ver o lado deles. É um negócio", disse.

Segundo uma fonte do mercado aberto (mercado secundário de títulos e moeda), um dos mecanismos que a autoridade monetária pode utilizar é deixar de recolher a sobra de dinheiro no sistema financeiro – prática adotada diariamente para equilibrar o custo do dinheiro. Esses recursos são remunerados pela chamada taxa over, que corresponde a um dia da taxa Selic. Ontem, por exemplo, o BC recolheu R$ 56,3 bilhões pagando uma taxa de 13,68% ao ano.

Na avaliação de Erivelto Rodrigues, da Austin Rating, o fato de o BC ter decidido emprestar recursos aos bancos menores, tendo como garantia a carteira de crédito, indica que os grandes players desse mercado não estavam comprando esses ativos ou estavam exigindo um desconto muito grande.

"As medidas tendem a dar estabilidade para que não ocorra nada a nenhum banco. Não temos problemas estruturais. É uma crise de liquidez", disse Rodrigues, lembrando que o objetivo do BC é fazer com que o crédito flua normalmente.

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