Quanto mais abrangente for a reforma da Previdência, maiores são as chances de ela ser aprovada. A avaliação é do economista-chefe do banco Itaú, Mario Mesquita. Para ele, a abertura de exceções indicaria que “uns brasileiros são melhores que outros” e tiraria força da proposta.
“A chance de aprovar a reforma da Previdência é diretamente proporcional à amplitude da reforma. Se você faz uma reforma que já começa preservando alguns privilégios, ela já entra fragilizada”, disse Mesquita na quinta-feira (27), em encontro da equipe econômica do Itaú com jornalistas.
“Quando você ataca tudo, se o sujeito – policial militar, bombeiro, o que seja – pedir tratamento especial, já vai ficar claro que ele quer tratamento especial. Agora, se você já começa escolhendo que uns brasileiros são melhores do que outros, fica complicado”, completou o economista, que dirigiu a área de Política Econômica do Banco Central entre 2007 e 2010.
Supremo Tribunal Federal proíbe recálculo da aposentadoria
Leia a matéria completaMembros do governo e o próprio presidente Michel Temer declararam em diferentes ocasiões que a reforma afetará a todos, incluindo servidores públicos e políticos. A ideia é que a principal inovação do pacote, a idade mínima para aposentadoria, seja de 65 anos para homens e mulheres, servidores públicos e funcionários do setor privado, trabalhadores urbanos e rurais. Mas as diferentes regras hoje existentes convergiriam obedecendo a diferentes regras de transição.
Mas aliados fazem pressão por exceções. Em meados de outubro, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu que a reforma seja diferente para os militares, afirmando ser “impossível construir entre desiguais uma previdência única”.
Transição curta
Na conversa com jornalistas, o economista Pedro Schneider, do Itaú, afirmou que a idade mínima de 65 anos é “fundamental, e com uma regra de transição curta”. Sem uma reforma, disse, o teto para os gastos públicos – já aprovado pela Câmara dos Deputados e agora em trâmite no Senado – “simplesmente não para em pé”.
Schneider observou que a Previdência, que já consome 40% dos gastos públicos, tem contra si a demografia – o envelhecimento da população vai elevar o número de aposentados e diminuir o de contribuintes – e a regra de correção do salário mínimo, que é o piso dos benefícios e pode crescer acima da inflação. “O Brasil vai ficar velho, e vai ficar velho rápido. E não ficou rico. É preciso adequar o orçamento público a essa nova realidade demográfica”, disse.
*O jornalista viajou a convite do Itaú.
-
Um guia sobre a censura e a perseguição contra a direita no Judiciário brasileiro
-
O “relatório da censura” e um momento crucial para a liberdade de expressão
-
Braço direito de Moraes no STF já defendeu pena de morte e é amigo de Val Marchiori
-
Três governadores e 50 parlamentares devem marcar presença no ato pró-Bolsonaro de domingo
Meta fiscal mais frouxa do governo Lula piora expectativas e mercado joga juros para cima
Rebaixamento da meta aumenta desconfiança sobre as contas do governo Lula
Incertezas do Brasil fazem exportador deixar dólar no exterior e elevam pressão sobre câmbio
FMI amplia projeção de crescimento do PIB brasileiro para 2024 e 2025
Deixe sua opinião