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A abertura ao comércio exterior, promovida pelo governo Collor, deu início a uma nova era para a indústria automobilística brasileira. Mas o que de fato transformou as "carroças" em carros de verdade foi o regime automotivo especial, criado no primeiro ano de FHC, que reduziu ou zerou os impostos de importação para as multinacionais que se instalassem no país.

Colhendo os frutos da estabilidade e batendo recordes de vendas, o mercado brasileiro virou uma das principais fronteiras de expansão da indústria mundial – e os estados passaram a se esfolar numa briga de foice, disputando os investimentos com base em doações de terrenos e facilidades no pagamento de seu principal tributo, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

O governo do Paraná agiu rápido. Em 1996, criou o Pro­grama Automotivo Paranaense, concedendo a montadoras e fornecedores um prazo de quatro anos para o início do pagamento do ICMS, e mais quatro para o parcelamento do tributo devido – prazos prorrogados no fim de 2002, no apagar das luzes do segundo mandato de Jaime Lerner. Em pouco tempo, o estado atraiu Renault, Volks e Chrysler.

Mas as crises cambiais de 1998 e 1999 estragaram a festa. Quando o mercado percebeu ter exagerado no otimismo, era tarde: planejadas nos tempos de euforia, as fábricas já estavam quase prontas. A da Renault, que começou a produzir nas últimas semanas de 1998, patinou até 2006, também em razão da falta de renovação de seus veículos. A Audi, que dividia fábrica com a Volks em São José, parou de produzir em 2006. E a Chrysler, cuja picape Dakota não caiu no gosto dos consumidores, fechou a fábrica de Campo Largo em 2001, colocando 450 funcionários na rua e tendo de pagar à vista o imposto devido. (FJ)

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