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Incidência de impostos sobre medicamentos em alguns países

0%: Reino Unido, Canadá, Colômbia, Suécia, Estados Unidos, México e Venezuela.

Entre 0,1% e 6,3%(média): França, Suíça, Espanha, Portugal, Japão, Bélgica, Holanda, Grécia, Finlândia e Turquia.

Entre 6,4% e 25%: Itália, Alemanha, Chile, Áustria e Argentina.

Acima de 25%: Brasil (33,9%)

Fontes: Talogdata, análise BCG e IBPT

ICMS sobre medicamentos em alguns estados

Rio de Janeiro: 19%

São Paulo: 18%

Santa Catarina: 17%

Paraná e Minas Gerais (apenas para genéricos): 12%

Fonte: Sindusfarma

Carga tributária

Medicamentos de uso humano: 33,9%

Almoço ou jantar em restaurante: 32,3%

Trator: 31,8%

Açúcar: 30,4%

Teatro e cinema: 30,3%

Embarcações e aeronaves: 28,3%

Livros: 15,5%

Sal: 15,1%

Medicamentos de uso animal: 13,1%

Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT)

Uma pessoa que vive em Curitiba e gasta R$ 488,84 por mês com remédios poderia ter uma despesa mensal 31% maior se morasse em Joinville (SC) e precisasse dos mesmos medicamentos. É o caso da gerente de manutenção Sueli Regina Ulandovski, de 53 anos, que realiza tratamento de hipertireoidismo e pós-operatório de cirurgia bariátrica. Se ela vivesse na cidade catarinense, poderia ter um gasto de até R$ 641,96 por mês, segundo uma pesquisa informal feita pela Gazeta do Povo.

No Paraná, o governo estadual baixou o ICMS dos remédios de 18% para 12% em 2009. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece uma tabela com o preço máximo de todos os medicamentos de acordo com o ICMS cobrado em cada localidade. A partir desses valores, as farmácias podem oferecer descontos e realizar promoções.

Por esse motivo, considerando o preço máximo dos remédios, ela gastaria no máximo R$ 627,70 por mês no Paraná, onde há dois anos o governo baixou o ICMS para 12%. Já em Santa Catarina, onde o ICMS é de 17%, o valor gasto seria de R$ 665,58. Em São Paulo, com 18% de ICMS, e Rio de Janeiro, com 19%, os valores seriam até 7,3% (R$ 673.65) e 8,6% (R$ 681,96) maiores, respectivamente.

Segundo o levantamento realizado pela Gazeta do Povo em oito diferentes farmácias do Paraná, São Paulo e Santa Catarina, os medicamentos de Sueli em Curitiba (Lamitor 100mg, Assert 50mg, Assert 100mg, Synthroid 100mg, Synthroid 125mg e Lozeprel 20mg) chegaram a ser encontrados por R$ 488,84 em uma farmácia que oferecia produtos em promoção. Já em uma farmácia catarinense, onde os remédios de Sueli foram encontrados com o menor desconto, os mesmos medicamentos custavam R$ 641,96, uma diferença de 31%.

Desconsiderando as promoções, que estão sujeitas a alteração, a economia de Sueli que compra só no Paraná, em um ano, na comparação com o Rio de Janeiro, seria de R$ 651,12. Ou seja, com a diferença, a cada 12 meses ela já teria economizado mais de um mês em remédios.

Apesar de mais barato, o ICMS reduzido no Paraná não faz com que o consumo de medicamentos no estado seja maior do que em Santa Catarina, por exemplo. Pelo menos é o que conclui Robert Kock, presidente da Rede Hiperfarma, presente em 28 municípios dos dois estados. Para Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), falta divulgação para que pelo menos as pessoas de outros estados que visitem o Paraná possam comprar os remédios no estado a preços mais acessíveis.

Impostos elevam preços dos remédios no Brasil

A carga tributária média sobre medicamentos no Brasil é de 33,9%, enquanto em outros países, sem o Brasil, a média é de 6,3%, segundo o Sindusfarma. Dos 33,9%, cerca de 17,5% é de ICMS (legislação estadual com limites estabelecidos pelo Senado), como ocorreu no Paraná, onde o ICMS dos medicamentos é de 12% desde 2009. Na época, outros produtos que não são considerados essenciais tiveram a alíquota elevada para compensar as perdas com os medicamentos.

Mussolini lembra que em países como México, Colômbia, Venezuela, Estados Unidos, Reino Unido e Suécia, a carga tributária sobre remédios é de 0%, porque medicamentos são considerados bens essenciais. "A alegação para alíquota maior no Brasil é que a sonegação fiscal no país é muito grande. Mas isso diminuiu muito com a implantação do processo eletrônico. A velha máxima do 'preciso cobrar mais porque são poucos que pagam' não é mais válida", diz Mussolini.

O presidente do Sindicato da Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado do Paraná (Sinqfar), Marcelo Ivan Melek, concorda que os impostos poderiam ser reduzidos significativamente. "O governador Beto Richa (PSDB) prometeu trabalhar para isso no estado, então temos expectativa que possa haver redução da carga tributária", comenta.

Mussolini disse que o sindicato busca reunir representantes das indústrias farmacêuticas de diversos estados para buscar uma forma de redução da carga tributária junto ao governo federal. Mesmo assim ele admite que o trabalho é longo e está apenas no começo.

Segundo Vanderlei Hartwig, gerente de controladoria da Prati-Donaduzzi, empresa do ramo de medicamentos estabelecida em Toledo, no Oeste do Paraná, o consumidor final é o grande beneficiado com a redução dos impostos. "Para a indústria, menos impostos pra mim significa o mesmo para o meu concorrente, o que não gera tanta diferença. Mesmo assim, na competição com outros estados, a disputa com uma empresa de São Paulo, por exemplo, seria facilitada. Lá eles precisam cobrar mais pelo fato de a carga tributária ser ainda maior", explica o gerente.

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