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A Operação Tapa-Buracos do governo federal, que começou em janeiro, completa cinco meses sem causar grande impacto sobre as planilhas de custos de transportadoras de cargas e passageiros do Paraná. As obras terminam no próximo dia 7 e, ao menos por enquanto, empresários do setor não relatam mudanças significativas nas despesas com manutenção de ônibus e caminhões. Para eles, a operação realmente está melhorando as condições das estradas. Mas, por ser de caráter "paliativo", não garantirá que o asfalto permaneça em bom estado a tempo de provocar efeitos mais visíveis na contabilidade das transportadoras – tanto que nenhuma das empresas ouvidas pela Gazeta do Povo soube estimar o tamanho de uma eventual redução nos gastos.

"É evidente que é melhor rodar em um pavimento sem buracos. A velocidade média é um pouco maior, os pneus estragam menos, o caminhão quebra menos. Mas o nosso ganho com isso é apenas temporário, e quase insignificante", diz o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), Aldo Fernando Klein Nunes. "É difícil precisar a queda nos gastos com manutenção dos veículos, até porque esses buracos logo começarão a abrir de novo."

Criada pela Medida Provisória 82 e chamada oficialmente de Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas, a operação contou com um orçamento de R$ 440 milhões para fazer reparos em pouco mais de 26 mil quilômetros de rodovias federais em 20 estados. No Paraná, 596,5 quilômetros foram incluídos no programa, com uma verba de R$ 28,4 milhões.

Considerada "eleitoreira" pela oposição, desde o início a operação foi fortemente criticada por engenheiros e usuários das estradas, além de ser alvo de questionamentos pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em função de possíveis superfaturamentos em alguns trechos. A avaliação quase unânime é de que, embora o governo tenha previsto que os reparos durariam um ano, os buracos reaparecerão antes disso.

"É uma medida emergencial que, na prática, não resulta em muita coisa. Para que de fato tivéssemos queda nos gastos, teria de ser feita uma reforma muito mais ampla", avalia Gilberto Antônio Cantu, proprietário da Transportes Diamante. Ele calcula que as más condições das estradas do Sul e Sudeste – regiões atendidas pela empresa – elevam em 20% seus gastos com manutenção de caminhões. Para o empresário, esse porcentual não vai mudar apenas com os remendos do governo federal.

As rodovias mais precárias afetadas pela operação foram a BR-476, no trecho entre Lapa e União da Vitória, e a BR-163, entre Marechal Cândido Rondon e Guaíra. O investimento para a recuperação de ambas passou de R$ 9 milhões, com média de R$ 62,8 mil e R$ 142,8 mil por quilômetro, respectivamente. Na média geral, o governo federal destinou R$ 47,6 mil para cada quilômetro incluído no programa – valores considerados insuficientes para uma reforma mais duradoura.

Jair Araújo Filho, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Intermunicipal de Passageiros do Paraná (Rodopar), admite que as obras no trecho entre São Mateus do Sul e União da Vitória estão melhorando as condições de rodagem. A estrada era tão precária que os ônibus da Estrela Azul, que operam essa linha, não recebiam multas em função de atrasos. "Os órgãos de fiscalização sabiam do problema, e exigir que os motoristas cumprissem o horário era colocar todos em risco. Nem os passageiros reclamavam mais."

Segundo Araújo Filho, mais de 40% dos gastos da empresa eram com manutenção de ônibus, enquanto o ideal seriam 20%. Embora o tempo de viagem deva cair após a conclusão das obras, o empresário está pessimista. "Os caminhões representam 95% do tráfego dessa rodovia e, sem refazer a base do asfalto, os buracos vão voltar em no máximo seis meses. Duvido que o asfalto dure até novembro ou dezembro", diz.

A primeira sugestão dos empresários para uma verdadeira recuperação e manutenção das rodovias seria o uso correto da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre combustíveis derivados do petróleo, criada em 2001 com o objetivo de garantir a manutenção das rodovias federais. "O governo arrecada cerca de R$ 8 bilhões por ano com a Cide, e usa só R$ 440 milhões em obras emergenciais", critica Aldo Fernando Klein Nunes, do Setcepar.

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