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Em meio à crise vivida pelo pólo automotivo paranaense, a Renault do Brasil anunciou ontem que vai contratar, até 2007, 650 novos funcionários para a fábrica de veículos de passeio do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais. No ano que vem, a montadora vai reativar o segundo turno da linha de produção, suspenso em 2002, para atender à demanda esperada para o sedã popular Logan – a grande aposta da marca para finalmente tornar-se rentável no Brasil.

Com os cortes previstos para a fábrica da Volkswagen no Paraná, que deve demitir 900 pessoas até janeiro, a Renault passará a ser a montadora que mais emprega no estado, com um total de 3.750 funcionários. Segundo o diretor de recursos humanos da Renault, Carlos Magni, cerca de 250 trabalhadores devem ser admitidos até o fim deste ano. Os 400 restantes, a maioria operadores de produção, entram em janeiro. Atualmente, cerca de 3,1 mil pessoas trabalham no complexo, que inclui uma linha de produção de veículos utilitários, da Nissan, e uma fábrica de motores.

Fontes ligadas à empresa informam que a produção do Logan começa em março do ano que vem. Outra novidade, o Mégane Grand Tour, deve chegar ao mercado brasileiro nos próximos três meses. Trata-se da versão perua do Mégane Sedan II, que começou a ser produzido no Paraná em março passado. De acordo com a Renault, 350 funcionários, entre operadores e supervisores de produção, engenheiros e outros, foram contratados desde o início do ano, tanto para a linha Mégane quanto para a área de estamparia e a fábrica de motores. Nesse mesmo período, aproximadamente 120 pessoas foram demitidas, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.

Os novos veículos e as contratações fazem parte do plano de metas mundiais anunciado em fevereiro, em Paris, pelo presidente da Renault, o brasileiro Carlos Ghosn. Sem citar números, o executivo havia deixado clara a intenção de, até 2009, ocupar plenamente a capacidade instalada da unidade brasileira. Em 2006, pouco menos de 80 mil veículos devem ser fabricados no complexo, o que corresponde a apenas 30% de seu potencial.

Mesmo quando começar a produzir o Logan, a Renault não usará sua capacidade plena com dois turnos, de aproximadamente 170 mil automóveis por ano. "Ainda não atingiremos o pico da produção. Mas, se os volumes previstos se confirmarem, poderemos até abrir um terceiro turno, o que elevaria a produção para mais ou menos 200 mil carros por ano", disse o diretor de recursos humanos, sem revelar quais são as metas de produção e vendas de 2007. "Tudo vai depender do comportamento do mercado brasileiro. Por enquanto a tendência é boa, o mercado está crescendo em relação ao ano passado".

Em fevereiro, Carlos Ghosn anunciou a produção de cinco novos modelos na fábrica paranaense até 2009 – ou seja, faltam dois além dos já anunciados. Desde o início da operação da unidade, em 1999, a operação brasileira nunca deu lucro. Até o ano passado, acumulou prejuízo de R$ 3,842 bilhões, montante que supera o valor investido na fábrica – US$ 1,35 bilhão, cerca de R$ 2,3 bilhões pelo câmbio atual.

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