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Menos risco Juros ainda altos seguram opção

Apesar de o atual processo de queda de juros ter assustado muitos investidores, o Brasil ainda conta com as maiores taxas reais praticadas no mundo. Isso mostra que aplicar em investimentos que rendem juros ainda podem ser uma boa pedida. Os juros reais são calculados considerando-se a Selic e descontando-se dela a projeção para a inflação nos próximos 12 meses. Com o atual nível da Selic, os juros reais brasileiros estão em 8,6% anuais. Pode parecer pouco, mas em nenhum lugar do mundo há taxa semelhante. Atrás do Brasil, aparece a Turquia, com taxa de 7,1%. Os dados são da UpTrend Consultoria Econômica.

Mas o investidor que viu seus rendimentos caírem nos últimos meses pode começar a pensar em mudar de segmento, migrando para aplicações que carregam maiores riscos, como as ações ou os multimercados, mas que têm chances de dar rentabilidades maiores. A rentabilidade paga pelos fundos de renda fixa no ano passado – 14,96%, na média – foi a menor em uma década. Neste ano, o retorno deve ficar em torno dos 12%. Em 2005, foi de 18,32%.

Para quem não está disposto a correr riscos, o retorno oferecido pelos fundos mais conservadores não pode ser desprezado. Os investidores só não podem se esquecer de checar as taxas de administração e outras tarifas e tributos que "comem’’ parte da rentabilidade.

São Paulo – O primeiro mês deste ano mostrou um comportamento diferente do investidor brasileiro. Se a saída de recursos dos fundos que pagam juros (como DI e renda fixa) marcou o ano passado, este começo de 2007 registrou forte procura por esse segmento. Os fundos de renda fixa tiveram captação líquida de R$ 6,59 bilhões em janeiro, até o dia 29, ficando na liderança da indústria de fundos. Em 2006, a renda fixa teve captação negativa de R$ 17,45 bilhões. A captação líquida é a diferença entre os recursos aplicados e os sacados em determinado período.

Os dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostram também que os fundos multimercados, vedetes do ano passado, tiveram captação tímida neste começo de ano: R$ 800 milhões.

Para Carlos Cintra, gerente de renda fixa do Banco Prosper, "neste começo de ano, os investidores ainda estão um pouco reticentes com o futuro''. Ou seja, a relativa cautela dos investidores também se reflete na maior procura por fundos de renda fixa.

Os fundos de renda fixa são a maior categoria do mercado, representando 35% do patrimônio total da indústria – que alcançou os inéditos R$ 936 bilhões no fim de janeiro. Essa aplicação carrega papéis da dívida pública e privada que pagam principalmente taxas prefixadas.

"E o rendimento nominal desses fundos de renda fixa ainda é bastante positivo'', afirma Cintra.

Em janeiro, a renda fixa pagou, na média, 1,07%, sendo a categoria de melhor desempenho dentre as mais tradicionais do mercado.

A queda mais branda da taxa Selic projetada para este ano também pode evitar que ocorram saques mais pesados da renda fixa, motivados por investidores descontentes.

No ano passado, a taxa básica da economia, a Selic, que serve de parâmetro às outras taxas cobradas no mercado, caiu quase cinco pontos porcentuais, indo de 18% para 13,25% (hoje está em 13%). Para o fim de 2007, o mercado projeta que a taxa Selic estará em 11,75%. Confirmada essa expectativa, a taxa básica terá caído apenas 1,5 ponto porcentual no ano.

"A maior parte do processo de queda de juros já ocorreu'', afirma Alexandre Póvoa, diretor responsável pela Modal Asset Management.

Ações mais fracas

O fraco desempenho do mercado acionário neste começo de ano também acaba por favorecer outras formas de investimento. "Em 2006 houve um fluxo bastante forte para o mercado acionário'', lembra Cintra.

Os fundos de ações captaram líquidos R$ 8,93 bilhões no ano passado. Em janeiro, essa entrada líquida de recursos registrou R$ 799 milhões, com a categoria ficando atrás de renda fixa e multimercados. Em janeiro, a Bovespa teve valorização de apenas 0,38%, ficando abaixo até mesmo da caderneta de poupança, que rendeu 0,72%.

"No decorrer do ano, costumamos ver uma agressividade maior por parte dos investidores'', afirma Póvoa, em relação à possibilidade de investimentos como os multimercados poderem acelerar sua captação.

Os multimercados são fundos que têm a liberdade de aplicar seus recursos em diferentes segmentos, passando por ações, câmbio e papéis que pagam juros. Essas aplicações tiveram captação líquida de R$ 53,86 bilhões no ano passado, a mais expressiva do mercado.

Atualmente, os multimercados respondem por 23% do patrimônio da indústria de fundos, com R$ 215,7 bilhões em recursos.

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