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Valorização de títulos do Tesouro dos EUA ajudou a aumentar reservas | MarkWilson/AFP
Valorização de títulos do Tesouro dos EUA ajudou a aumentar reservas| Foto: MarkWilson/AFP

Brasília - As reservas em moeda estrangeira do governo chegaram a US$ 209,58 bilhões, o nível mais elevado da história, superando o valor que havia sido alcançado em outubro do ano passado. Esse recorde só foi possível por causa da combinação de três fatores: a valorização dos títulos do Tesouro norte-americano, as compras de dólares feitas pelo Banco Central e uma mudança nas regras usadas no cálculo desse saldo.

É das reservas que saem os recursos usados nas intervenções do BC no mercado de câmbio. Foi o que aconteceu no fim do ano passado, quando, com o agravamento da crise, o fluxo de capital externo para o Brasil sofreu uma forte queda. Quando isso aconteceu, o BC passou a injetar dólares no mercado, numa tentativa de amenizar a escassez da moeda dos Estados Unidos. Essa escassez atingiu, principalmente, empresas brasileiras que contavam com empréstimos externos para financiar suas operações.

De outubro de 2008 a fevereiro, o BC pôs US$ 26,1 bilhões no mercado, sendo que 44% do valor foi emprestado a bancos, os quais, por sua vez, repassaram os recursos para empresas. Em tese, esses gastos reduziriam as reservas internacionais do governo. Para evitar isso, o BC mudou o cálculo desse saldo: os empréstimos em moeda estrangeira feitos aos bancos deixaram de ser contabilizados como saída de dólares, já que, em tese, irão retornar às reservas assim que forem pagos.

Além disso, em maio a instituição voltou a comprar dólares no mercado, justamente para reforçar as reservas.

Até a semana passada, as aquisições somavam US$ 6,2 bilhões. Tudo isso, somado ao impacto da valorização dos títulos do Tesouro dos EUA nas reservas – estimado, neste ano, em aproximadamente US$ 10 bilhões –, explica o recorde.

Para a economista Fernanda Feil, da Rosenberg Associados, a política de acumulação de reservas é positiva porque ajuda o país a enfrentar crises como a atual. "Esse colchão de segurança é um dos fatores que minimizaram os impactos da crise. Não é suficiente para deixar o país totalmente imune a essas turbulências, mas impede que haja uma volatilidade muito grande nos mercados."

Ela ressalta, porém, que, apesar de o Brasil contar com confiança dos investidores, o que explica o aumento das reservas é o maior otimismo que se observa nos mercados como um todo. "A liquidez está voltando no mundo inteiro."

Já para Carlos Thadeu de Freiras, ex diretor do BC e chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), é preciso estar atento ao custo de manutenção dessas reservas. "Esse custo é alto porque o juro no Brasil ainda é elevado. Não dá para falar em reservas sem falar em juro."

Para poder comprar dólares, o BC precisa vender títulos da dívida pública no mercado, o que aumenta o endividamento do governo. Essa dívida, por sua vez, é corrigida pela taxa Selic, hoje em 9,25% ao ano, enquanto os dólares adquiridos são aplicados em títulos norte-americanos que pagam juros próximos de zero.

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