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As alterações realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) não diminuem o problema do baixo crescimento da economia brasileira. O professor Luiz Antônio Lopes, do departamento de economia da Universidade Federal do Paraná, lembra que os estudiosos estimam que de 30% a 50% da riqueza nacional fique de fora do levantamento do PIB. "Sem dúvida ele é ainda maior do que o divulgado, mas a revisão para cima não significa que estejamos melhor. A economia poderia estar crescendo muito mais", diz.

Para o coordenador de Economia da Unifae, Gilmar Mendes Lourenço, que é também analista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), órgão que coordena o cálculo do PIB no estado, as alterações facilitam a compreensão do desempenho recente da economia brasileira e melhoram a confiabilidade das estatísticas macroeconômicas no âmbito internacional, tornando-as mais facilmente comparáveis com dados de outros países. Mas apenas um maior crescimento melhoraria de fato a inserção do país no cenário internacional e diminuiria o passivo social interno. A seguir, Lourenço fala sobre as novidades.

Gazeta do Povo – Quais as modificações mais relevantes?Gilmar Lourenço – Foram evitados deslizes metodológicos, como a inclusão do rendimento dos fundos de investimento. Também considero importante separar a agropecuária em pecuária e agricultura, pois havia anos em que uma maquiava resultados da outra.

Quais as vantagens?A nova metodologia facilita a análise de séries históricas. A aplicação foi feita a partir dos dados de 1995, o que permite avaliar as principais tendências da economia já no cenário de estabilidade inflacionária.

Há falhas que deixaram de ser corrigidas?Sim. Uma delas é a ausência de estimativas trimestrais de volumes de investimentos, separados nos segmentos infra-estrutura, construção civil e máquinas e equipamentos, como adotado em outros países. Outra separação possível seria entre os setores público e privado. E a ainda frágil avaliação do consumo intermediário. Mas a falha mais relevante é a incorporação de pesquisas anuais probabilísticas, embora o PIB seja um indicativo e não um número preciso.

Por que a alteração favorece a visão que o mundo tem do Brasil?O cálculo do PIB obedece ao sistema de contas internacionais das Nações Unidas. Não estávamos fora do padrão, mas usávamos bases defasadas.

O cálculo da Taxa Referencial (TR) também foi revisado recentemente. Isso indica que novas revisões podem ser feitas?Tenho impressão que as mudanças ficam por aqui. A alteração do cálculo da TR foi um assalto velado à rentabilidade do pequeno poupador. Como a taxa de juros vinha caindo, e ela baliza o rendimento da renda fixa, a caderneta se tornou mais atraente e estava havendo migração. Como o governo depende dos fundos para rolar a dívida, optou por mudar as regras do jogo.

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