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Steve Jobs e seu iPad: loja brasileira que revende o produto diz que procura está acima da expectativa inicial | Justin Sullivan / AFP
Steve Jobs e seu iPad: loja brasileira que revende o produto diz que procura está acima da expectativa inicial| Foto: Justin Sullivan / AFP

História

"Avô" do iPad foi lançado em 1993

A primeira tentativa de fazer das tabuletas uma plataforma tecnológica viável partiu da própria Apple há mais de duas décadas. O resultado foi o Newton, uma espécie de "avô do iPad", lançado oficialmente em 1993.

O equipamento, um PDA com tela sensível ao toque e reconhecimento de escrita, tinha como principais aplicativos um bloco de notas, agenda, calendário e outras ferramentas como calculadora e relógio com fuso horário mundial. A novidade até conquistou alguns entusiastas, mas ficou longe de revolucionar o mundo da computação pessoal, como queria a Apple. O Newton foi comercializado até 1998.

A segunda geração veio com os chamados "Tablet PCs" lançados pela HP em 2005. Eles consistiam em um modelo híbrido de laptop com tela rotativa e sensível ao toque, que podia ser desconectado do teclado e usado como um tablet, embora com peso e dimensões desproporcionais – o que levou a empresa a "descontinuar" a fabricação do produto ainda no mesmo ano. Os tablets só se tornaram de fato viáveis com o lançamento do iPad, em janeiro de 2010.

Um detalhe curioso é que, quatro meses antes do anúncio oficial do produto, a Apple recontratou Michael Tchao, um dos engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento do Newton.

Pequenos de grande impacto no planeta

AFP

São pequenos, leves e tentadores, mas os celulares, os MP3, os tablets ou outros brinquedinhos eletrônicos que dominarão as árvores de Natal este fim de ano têm um impacto notável sobre o meio ambiente. De sua fabricação – que requer a extração de minerais raros que geram emissões de CO2 – até o fim de sua vida, quando devem ser submetidos a um processo de reciclagem nem sempre empregados, estes aparelhos têm todas as características necessárias para não integrar a lista de presentes dos defensores do meio ambiente.

"São aparelhos em miniatura, com um aspecto inofensivo, mas têm um impacto ambiental colossal: para extrair pequenas quantidades de minerais, é preciso desmatar hectares de florestas e espaços naturais", diz Annelaure Wittmann, da Associação Amigos da Terra. Wittmann cita o exemplo da Repú­blica Democrática do Congo (RDC), onde a extração de mineral indispensável para a fabricação de celulares ameaça as populações de gorilas. Essa ONG já lançou ataques contra o iPad da Apple, criticando "o incrível desperdício de matérias-primas que sua fabricação requer".

Em termos de gases de efeito estufa, a compra de equipamentos eletrônicos representa de 6% a 7% das emissões anuais de um cidadão francês, mais da metade das quais vem de televisores, segundo Jean-Marc Jan­covici, do gabinete de assessoria Carbone 4.

O Centro Nacional francês de Informação Independente sobre Dejetos (Cniid), que milita por uma redução destes resíduos, denuncia, por sua parte, "a estratégia deliberada" dos fabricantes destes aparelhos ao reduzir a duração de sua vida ativa, porque são dificilmente reparáveis ou porque estão submetidos à "ditadura da moda".

"São vendidos como coisas indispensáveis de ter, dando a impressão de que não se pode viver sem um iPhone", lamenta Hélène Bourges, encarregada do Cniid.

Essa velocidade na taxa de renovação destes aparelhos causa um problema, já que, por terem componentes fortemente poluentes, esses itens não devem ser jogados em latas de lixo comum.

Estima-se que atualmente menos de um terço dos aparelhos vendidos no mercado sejam devidamente reciclados ao fim de sua vida útil.

Apontados por geeks, nerds e futurologistas de toda sorte como algo "revolucionário", os tablets de fato representam um marco histórico no mundo da tecnologia. Os quadradinhos mágicos, no entanto, estão longe de se tornar um item indispensável para a vida humana na Terra daqui para a frente. Para especialistas do mercado de tecnologia, os tablets são apenas mais um dispositivo móvel à disposição do consumidor, assim como os smartphones, notebooks e netbooks, cada um com suas características e funcionalidades específicas.

"É um produto que vai ter o seu espaço como mais um dispositivo e não como substituto de algo. Até porque este não é necessariamente um produto novo. Houve no passado duas tentativas de alavancar os tablets, todas sem sucesso", aponta o diretor de pesquisas da consultoria ITData, Ivair Rodrigues.

Preços altos e funcionalidade ainda restrita ao uso para lazer e consumo de informação – leitura de livros, jornais e revistas – também são apontados como fatores que impedem projeções mais ousadas para a popularização dos tablets.

"Na prática, o mercado de tablets no Brasil começou agora com o lançamento, em novembro, do Galaxy da Samsung e o lançamento do iPad [da Apple]. Por isso é muito cedo para fazer qualquer projeção, como a de alguns analistas que dizem que o produto vai acabar com os notebooks e netbooks", diz. "De qualquer forma, pode-se dizer que ele não é um dispositivo voltado para o trabalho. Digitar um texto longo [em um tablet] se torna uma tarefa altamente desagradável. É mais uma opção. Não mais do que isso", pondera.

Já para o diretor de marketing da Fast Shop e da a2you – duas das redes que vendem o iPad no Brasil – , Luiz Pimentel, o produto tem potencial para ser usado como ferramenta de trabalho. "É tudo um questão de adaptação. Eu, por exemplo, não vou mais às reuniões sem levar o meu", garante. Para ele, o produto surge como concorrente, e não substituto, dos netbooks. "Não é um substituto, até porque ele inaugura uma nova categoria que não existia. Mas muita gente que optaria pelo netbook está indo para o tablet", afirma.

Sobre as vendas do produto, o executivo não revela os números, mas garante que a procura está acima das expectativas. "As vendas estão surpreendendo e, em algumas lojas, chegou a faltar produtos e tivemos de repor de outras lojas ou encomendar mais para a Apple. É a grande procura dentro das nossas redes", afirma. A Apple não autoriza seus executivos a concederem entrevistas.

Objeto de desejo

Para Rodrigues, da ITData, a badalação em torno dos aparelhos ainda está muito ligada ao status da novidade, ao glamour da marca Apple e ao objeto como desejo de consumo. "Mas quando as empresas de mercado começarem a divulgar pesquisas e balanços será possível ver com clareza que um tablet está muito mais para concorrente de um smartphone do que de um notebook", garante.

Segundo ele, os tablets ainda devem passar por grandes transformações. "É um produto que ainda vai evoluir muito, assim como aconteceu com outros dispositivos. Essa é a grande vantagem para o consumidor: os produtos mudam, agregando vantagens, mobilidade e tecnologias. Estamos falando das primeiras unidades de um produto que desbrava um segmento", finaliza.

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