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Em um ano de aumento de gastos do governo e de "pedaladas" contábeis, o Brasil registrou um inédito rombo nas contas públicas, que somou R$ 32,6 bilhões. Mesmo se economizar 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano como prometido, ainda será insuficiente para estancar a alta do endividamento do setor público. Expectativa apresentada ontem pelo Banco Central é de aumento da dívida líquida para 38,2% em 2015 e, para a dívida bruta, para 65,2% – nos dois casos em relação ao PIB.

INFOGRÁFICO: Veja como as contas do setor público terminaram em 2014

O chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, afirmou que o objetivo do governo é estancar a alta da dívida bruta, para, só então, reduzi-la. Essa dívida subiu de 56,7% para 63,4% do PIB no ano passado, atingindo o maior nível da série histórica, iniciada em dezembro de 2001.

A elevação dessa taxa em 2014 foi maior do que a da dívida líquida (que passou de 33,6% para 36,7%) em razão do aumento do déficit nominal.

O déficit nominal, que vinha rodando na casa de 2% a 3% do PIB nos últimos anos, disparou para 6,7% do PIB em 2014. O BC prevê que, com um aperto fiscal mais forte, haverá redução para 4,5% neste ano. O déficit nominal embute os gastos com os juros, que somaram R$ 311 bilhões no ano passado – o maior volume desde que o BC começou a compilar os dados. Em relação ao PIB, a taxa de 6,07% é a maior dos últimos sete anos.

"O Brasil tem pago mais juros do que Grécia e Itália, que são países extremamente endividados e têm uma dívida muito superior ao PIB do que a nossa", analisou o economista da RC Consultores, Thiago Biscuola.

O economista-chefe do Banco Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, disse que era aguardado um resultado ruim nas contas do setor público consolidado, mas veio pior que o esperado pelo resultado inédito dos regionais. "O déficit elevadíssimo do setor público regional (estados e municípios) foi inédito e merece uma maior investigação."

Meta descumprida

O governo havia prometido no início do ano passado fazer um superávit primário de R$ 99 bilhões em 2014. Essa meta foi revisada para R$ 10,1 bilhões no apagar das luzes, quando o governo decidiu pedir autorização ao Congresso para descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Dessa forma, as contas do setor público fecharam com um resultado quase R$ 132 bilhões menor do que o prometido no início de 2014.

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