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Folia em Foz | Reprodução Bom Dia Paraná
Folia em Foz| Foto: Reprodução Bom Dia Paraná

Cerca de 250 caminhões carregados com grãos formavam uma fila de aproximadamente 8 quilômetros na BR-277 em direção à Paranaguá no final da tarde de ontem, o que serviu de estopim para o início de uma nova queda-de-braço entre a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e os operadores portuários. A fila, que se soma a cerca de 900 veículos que estão parados no pátio de triagem ao lado do Porto de Paranaguá, teve início na segunda-feira, principalmente por causa da chuva que paralisou as atividades portuárias de sábado até ontem. Mas para o superintendente da Appa, Eduardo Requião, a fila se formou porque "operadores portuários, plantadores, cooperativas e produtores de Mato Grosso e Goiás, como estão diante de supersafra, estão tentando forçar o Porto de Paranaguá a abrir o silão público para a soja transgênica".

De acordo com informações da Ecovia, concessionária do pedágio da BR-277, no horário de pico do engarrafamento, a fila chegou a 10 quilômetros. O Porto de Paranaguá não registrava filas por causa da safra desde 2004.

Alguns caminhoneiros esperavam o descarregamento desde domingo, como o pontagrossense Clemente Bejuska, 50 anos, que trazia soja transgênica e já estava no pátio. Bejuska, a exemplo de grande parte de seus companheiros de espera, reclamava muito da falta de informações. "Uma hora falam que o problema é a chuva, em outra dizem que o problema é com o navio, que ainda não atracou", contesta. Além da desinformação, muitos caminhoneiros, principalmente aqueles que levaram a família para aproveitar o feriado de carnaval, afirmam ainda que as condições do pátio de triagem são péssimas. Em entrevista coletiva, Requião culpou, sem dar nomes, cooperativas e produtores pela confusão. "Eles mandam os caminhoneiros para o porto sem garantir que há espaço suficiente para armazenar a carga, sem programação, na tentativa de negociar aqui esta soja", afirmou. Requião falou ainda que tal atitude corresponderia a uma tentativa destas empresas de denegrir o porto. "Eles querem usar o silão para a soja transgênica, mas ele é exclusivo para os produtores tradicionais. Não podemos contaminar o silão", afirmou. Requião ressaltou que o silão corresponde a 10% da capacidade de armazenamento do porto, sendo os 90% restantes distribuídos em silos particulares, o que não justificaria a alegação de que estaria faltando espaço para estocar a carga. A Appa iniciou o embarque de soja transgênica no terminal em abril do ano passado, só após determinação judicial.

Requião disse ainda que as empresas que enviam caminhões ao porto sem respeitar a programação serão proibidas de operar no local durante um período de 5 a 180 dias.

Outro lado

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, Macel Caixeta, disse que a entidade não aceita que se jogue a culpa sobre os produtores. "É mais um absurdo que acontece no Brasil", afirmou. "O nosso papel é plantar e ajudar o país a crescer, quem exporta são as tradings e as multinacionais." Mas ele criticou a restrição para exportação dos produtos transgênicos. "Se o plantio está permitido no Brasil, tem que ser escoado", argumentou.

De acordo com um dos sócios da empresa Gransol, Waldemir do Vale, os caminhões da empresa estão esperando a chuva passar para descarregar soja transgênica em dois navios que já estariam atracados, com capacidade para 60 mil toneladas. Outras 100 mil toneladas do grão devem ser carregadas até 5 de março, e por isso a empresa registrou um grande movimento de veículos em direção a Paranaguá, que estariam cumprindo o agendamento. São cerca de 400 caminhões cadastrados no pátio de triagem. "A nossa logística está correta e a mercadoria já está alocada em armazéns privados. Se parar de chover, rapidamente faremos a descarga", afirmou.

Vale confirmou que pediu autorização da Appa para utilizar o silão. "O silo público é o pulmão do porto. Nós, operadores portuários, já chegamos à conclusão de que se o silão não for liberado para a soja transgênica, as filas de caminhões e navios vão ocorrer sempre", declarou. Segundo ele, dos cerca de 900 caminhões que estavam no pátio, pelo menos 600 eram do grão transgênico. Ele não falou de onde vem a carga. O empresário rebateu as acusações de que a fila era uma forma de pressão contra a Appa. "Nossa empresa tem 40 anos de existência e respeitamos as normas e leis. Em todo esse tempo não falhamos nunca. Seria muito pior, para a credibilidade do porto e do estado, se os navios chegassem e a carga não estivesse aqui", disse. De acordo com o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, as filas ocorrem pela falta de infra-estrutura para dar conta do crescimento das exportações.

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