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Loja de eletrodomésticos em Curitiba: elevação da renda faz com que a demanda permaneça aquecida | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Loja de eletrodomésticos em Curitiba: elevação da renda faz com que a demanda permaneça aquecida| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Análise

Aumento surpreende economista

O avanço das vendas do varejo de 1,6% em fevereiro em relação a janeiro foi surpreendente e mostra que a economia apresentou um ritmo bem vigoroso de expansão no começo deste ano, avaliou o economista da Tendências Alexandre Andrade. O avanço significativo de diversos segmentos do setor mostra que há uma velocidade vigorosa de consumo no país, que deve levar o comércio varejista a registrar uma expansão de 8,3% neste ano, estima o especialista, acima dos 5,9% registrados em 2009. Andrade destaca o índice de vendas do varejo ampliado, que inclui compras de automóveis e material de construção, que subiu dentro da média móvel de três meses 1,4% em fevereiro.

Para Andrade, o ciclo de alta de juros que o Banco Central (BC) deve iniciar a partir do dia 28 não deve provocar uma desaceleração intensa do nível de atividade e, por consequência, das vendas de varejo. "Para moderar a demanda, o Copom deve elevar a Selic em 250 pontos-base neste ano, em cinco aumentos de 0,50 ponto porcentual cada", comentou.

  • Consumo no Brasil está em alta, como mostra a evolução do volume de vendas do comércio varejista

A manutenção do poder de compra dos consumidores, com o reajuste do salário mínimo, impulsionou as vendas do segmento de hiper e supermercados, que tem o maior peso na pesquisa mensal de comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse foi um dos principais motores do crescimento do varejo em fevereiro, que registrou um crescimento nas vendas de 1,6% em relação a janeiro e 12,3% em relação a fevereiro do ano passado. No Paraná, o setor teve uma expansão de 1% sobre janeiro, e de 12,8% na comparação com o mesmo mês de 2009.O técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Reinaldo Pereira, avalia que o aquecimento da economia permitiu um "crescimento mais consistente" em fevereiro. As vendas do comércio registram alta de 11,3% no bimestre e, nos últimos 12 meses até fevereiro, variação positiva de 6,9% – no Paraná, o índice foi de 6,4%. "Os resultados refletem o aquecimento da economia, mas também uma base de comparação deprimida de fevereiro de 2009."Pereira lembrou que, mesmo com a crise do ano passado, o varejo continuou registrando crescimento nas vendas, ainda que em ritmo menor do que em 2008. Agora, segundo ele, "a crise parece ter sido mesmo deixada para trás pelo setor".

As vendas de hiper e supermercados aumentaram 11,5% em relação a fevereiro do ano passado e também foram responsáveis, sozinhas, por 5,9 ponto porcentual, ou 48% da expansão total das vendas do comércio varejista no mês. Pereira avalia que o bom desempenho desse segmento está relacionado ao aumento da renda dos trabalhadores, influenciada pelo reajuste do salário mínimo a partir de janeiro deste ano.

Construção

O técnico do IBGE também destacou a aceleração nas vendas varejistas de material de construção em fevereiro, com expansão de 2,8% na comparação com janeiro, acima da média do varejo, de 1,6%. Além disso, houve alta de 15,1% na comparação com fevereiro do ano passado, o maior resultado ante igual mês de ano anterior apurado desde julho de 2008. No Paraná, o desempenho do segmento foi ainda melhor, de 20% na mesma comparação.

"Essa expansão pode estar sinalizando para a recuperação do setor, com aumento da confiança dos agentes econômicos na recuperação da economia, além dos incentivos governamentais, com redução do IPI para uma lista de materiais de construção", disse

Antecipação

Para o estrategista-chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani, o crescimento acima das projeções do mercado financeiro das vendas no varejo de fevereiro reflete mais um processo de antecipação do que de aceleração do consumo. "Os resultados mostraram claramente números ainda fortes para as vendas, mas a impressão que eu tenho é de que elas ainda são explicadas pela questão do fim dos estímulos fiscais."

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