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Curitiba – No ano passado, a geração de empregos bateu recordes no Paraná. A recuperação da economia brasileira e o bom desempenho das exportações contribuíram para a criação de 123 mil vagas no estado, praticamente o dobro do ano anterior, que tinha sido o melhor desde 1992. Mas a combinação de altos juros com valorização cambial desacelerou esse movimento. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), no primeiro semestre deste ano o saldo entre contratações e demissões também foi positivo, mas 21% menor que o do mesmo período de 2004.

Setores que experimentavam um período de forte crescimento parecem estar mais acanhados, ao menos no que se refere à criação de vagas. Entre eles, estão as indústrias madeireira e metalúrgica, que têm pólos na região metropolitana de Curitiba e nos Campos Gerais. Porém, mesmo em meio à projeção de baixo crescimento da economia, certos segmentos ainda têm fôlego de sobra em algumas regiões do estado. Dados preliminares de um mapeamento da secretaria estadual do Trabalho, desenvolvido para indicar onde o governo deve concentrar investimentos para a formação de profissionais, revelam que as maiores demandas estão nas indústrias têxtil e de vestuário – concentradas no Noroeste –, no comércio e na prestação de serviços e, em seguida, na agroindústria – muito forte nas regiões Oeste e Sudoeste.

Estima-se que, somente na região de Maringá, a indústria do vestuário empregue hoje 25 mil pessoas – e ainda há demanda por cerca de 3 mil profissionais, de nível técnico e também superior. Édson Recco, gerente da Recco Praia, diz que há vagas para todas as etapas da produção: gerentes de produto, modeladores, gerentes industriais e operadores de máquina de costura. "Está difícil encontrar essas pessoas aqui. As empresas estão trazendo profissionais de Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais", diz. Sua fábrica, que produz artigos de moda praia, infantil e fitness, emprega 260 pessoas, mas 15% da capacidade está ociosa por falta de trabalhadores qualificados, que poderiam preencher outras 40 vagas. O coordenador de orientação pedagógica do Senai de Maringá, Jacir Batista de Souza, confirma: "As empresas estão absorvendo os alunos que saem do curso de operador de máquina de costura, mas reclamam que ainda falta mão-de-obra qualificada".

No Oeste, a agroindústria, mesmo afetada pela receita menor das exportações, também contrata. A Cooperativa Lar, que possui uma unidade industrial de aves em Matelândia, pretendia empregar 800 pessoas no local, mas o promissor mercado externo fez a unidade, que exporta grande parte da produção, aumentar seu quadro para 2 mil funcionários. Segundo o gerente administrativo e financeiro da cooperativa, Olderi da Silva, 2,2 mil pessoas deverão trabalhar ali até o fim do ano. A instalação de uma incubadora de ovos em Santa Helena deve gerar outros 30 empregos, a maioria para auxiliares de produção. Outro investimento da Lar é uma unidade produtora de leitões em Itaipulândia, que vai atender à demanda do frigorífico da Frimesa – que, segundo Olderi, deve ampliar o abate de suínos e empregar outras 500 pessoas na região.

Segundo o economista Sandro Silva, do Dieese, no último ano o desenvolvimento de setores que atuam de maneira expressiva também no mercado interno – como as indústrias metalúrgica e química – beneficiou a região metropolitana de Curitiba e os centros urbanos de porte no interior. "São setores multiplicadores. Geram empregos tanto na indústria quanto no comércio e nos serviços", explica Silva. Em Ponta Grossa, madeireiras e metalúrgicas sofrem desde março com a queda do dólar, mas os bons resultados obtidos em 2004 refletiram-se no comércio e na prestação de serviços, que lideram a criação de vagas. Carlos Jabur, membro da diretoria da ACIPG, a associação comercial e industrial da cidade, conta que, somados, eles geraram 250 empregos em maio.

O cenário é parecido em Cascavel. Mesmo sem o lucro dos agricultores – prejudicados pela seca e pelo dólar mais baixo –, comércio e serviços criaram 2,5 mil novas vagas nos últimos 12 meses. "Com várias clínicas e laboratórios, a cidade também é um pólo regional na área médica, que está crescendo bastante", diz Valdinei Antônio da Silva, vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Cascavel (Acic). Ele acrescenta que, em cinco anos, o número de estudantes universitários aumentou de 3 mil para quase 20 mil, o que animou o mercado imobiliário e, em seguida, a economia da cidade como um todo.

A prestação de serviços também se destaca em Londrina. Segundo a consultoria de recursos humanos Employer, empresas de telecomunicação estão contratando operadores de telemarketing, mas esses cargos costumam ser preenchidos, sem dificuldade, por profissionais da região. Mais difíceis de se encontrar são os engenheiros de telecomunicações – muitos precisam ser "importados" de outras regiões ou estados.

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