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A tradicional fabricante de calçados Samello, que já chegou a exportar 60% de sua produção, entrou com um pedido de recuperação judicial (equivalente à antiga concordata preventiva) na cidade de Franca, na região de Ribeirão Preto (SP). A Samello alega "séria crise econômico-financeira" e cita a valorização do real em relação ao dólar como o principal motivo de suas dificuldades.

Nos últimos 24 meses, o dólar perdeu cerca de 30% de seu valor em relação ao real. O dólar mais barato reduz o ganho dos produtores brasileiros que vendem para o exterior, e os exportadores de calçados têm se queixado de muitos prejuízos. Só em Franca - conhecida como a capital brasileira do calçado - o número de empregados no setor caiu 40% desde 2004, passando de 25 mil para cerca de 15 mil.

A Samello foi fundada em 1926 e se orgulhava de ter entrado no século XXI exportando seus calçados para 35 países, produzindo para grifes famosas como Polo by Ralph Lauren, Cole Haan e Fratelli Rosseti. Chegou a empregar mais de 2.500 trabalhadores na década de 90 e hoje tem apenas cerca de cem. A produção está praticamente paralisada, os salários estão atrasados há dois meses e desde o mês passado foram demitidas mais de 300 pessoas. Além de estar com salários atrasados, a empresa está devendo a rescisão trabalhista dos que foram demitidos nos últimos meses.

Com a recuperação judicial, a Samello tentará renegociar a dívida com credores. Só a dívida trabalhista estaria na casa de R$ 1,5 milhão. A dívida com fornecedores e bancos gira em torno de R$ 50 milhões. O maior credor é o Banco do Brasil.

Segundo fontes ligadas à empresa, a Samello tem duas possibilidades: fechar as portas ou redimensionar sua produção para cerca de 10% de sua capacidade atual.

Reportagem do jornal "Valor", publicada nesta quarta-feira, informa que o problema da Samello é mais antigo e não estaria ligado somente à valorização do real. Envolveria também dificuldades na gestão e sucessão da companhia.

Ainda segundo o "Valor", apesar de grave a situação poderia ser solucionada com a venda de parte do patrimônio da família que controla a empresa. Esse patrimônio incluiria uma fazenda de R$ 60 milhões e bens como edifícios e terrenos. Outra saída seria a venda da empresa ou uma parceria com um investidor que pudesse capitalizá-la.

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