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Símbolo do polo do Paraná, São José dos Pinhais não apenas é a sede da Renault/Nissan e da Volkswagen, mas também a cidade paranaense que concentra o maior número de empresas da indústria automotiva – são 74, um terço de todas as instaladas na região metropolitana. Sua ascensão econômica desde a chegada das montadoras é incontestável, e os indicadores sociais, embora menos vistosos, também indicam avanços. O que é mais um sintoma da distribuição desigual gerada pelas montadoras: além de os ganhos terem sido repartidos por um reduzido número de empresas, a maior parte deles ficou com um único município.

Entre 1996 e 2007, o número de pessoas empregadas em São José passou de 26 mil para 71 mil, um salto de 178%, o triplo da taxa de expansão de sua população. De cada quatro empregos gerados, um foi na indústria de meios de transporte, cujo contingente subiu de 800 para 11 mil pessoas, segundo dados compilados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). O município também ostenta o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, de mais de R$ 7 bilhões por ano, e o quinto PIB per capita, de aproximadamente R$ 27 mil.

No aspecto social, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) subiu de 0,728 para 0,796 entre 1991 e 2000 (dado mais recente), mas a concentração de renda, medida pelo Índice de Gini, cresceu, elevando a desigualdade. De todo modo, a taxa de pobreza, também em 2000, era de 14%, a 12ª mais baixa do estado. A mortalidade infantil ainda é relativamente alta, mas de 1996 a 2006 passou de 30,9 para 10,6 mortes a cada mil nascidos vivos, caindo para baixo da média estadual (13,9).

Pressão

Embora nenhuma favela tenha se instalado ao lado das montadoras, pesquisadores do núcleo de estudos coordenado por Olga Firkowski na UFPR concluíram que a esperança de emprego nas multinacionais ajudou a inchar comunidades carentes da região. "A Vila Audi-União, por exemplo, surgiu exatamente em 1998. O Guarituba, uma ocupação imensa em Piraquara, cresceu justamente nessa época. É coincidência? Acredito que não", diz a professora.

Para o economista Gilmar Mendes Lourenço, a expansão populacional na região metropolitana de Curitiba se deve mais à persistência de um processo histórico iniciado muito antes: a mecanização da agricultura, que tem forçado o êxodo rural desde os anos 60. "As pessoas não vieram necessariamente por causa das montadoras, mas pelo próprio poder de atração da capital." (FJ)

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