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O clima seco das últimas semanas no Paraná fez acender a luz amarela nas empresas que fornecem água e energia elétrica. As chuvas acumuladas desde janeiro ficaram 50% abaixo do ideal e, por isso, a situação dos reservatórios para abastecimento de água e para geração de energia é classificada como preocupante pela Sanepar e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que coordena o fornecimento de eletricidade no país. Para piorar o cenário, maio teve uma seca atípica, a mais forte para o mês nos últimos oito anos, e que se estendeu pelo início de junho.

O risco de desabastecimento recai sobre pelo menos 40 cidades paranaenses que estão em estado de alerta. A Sanepar já trabalha com racionamento de água em alguns locais, como Saudade do Iguaçu, Ortigueira e Rio do Salto, distrito de Cascavel. Com baixa vazão nos mananciais, o nível dos reservatórios já está perto do mínimo tolerável. "A capacidade de produção está muito próxima do consumo dos usuários do sistema e por isso poderemos ter problemas ainda mais sérios", avalia o diretor de operações da Sanepar, Wilson Barion.

O fornecimento de água para a região metropolitana de Curitiba também está perto do limite. O nível das barragens da área está três metros abaixo do mínimo para esta época do ano, segundo a Sanepar. "Caso não chova nos próximos dias, a capacidade de abastecimento para Curitiba poderá ser mantida por somente mais 90 dias", calcula Barion. Para evitar o racionamento na capital, a companhia prepara para a próxima semana uma campanha de conscientização do uso da água.

Energia

As chuvas neste ano estão atrasadas. Isso fica claro quando é avaliado o nível das barragens das hidrelétricas da Região Sul. Hoje, elas têm em média 28% da água que podem armazenar. Em junho do ano passado, o volume já chegava a 92%. Com isso, o Sul passou a ter uma dependência maior da energia produzida no Sudeste. Dos 7,7 mil MWh consumidos por dia, 4,6 mil MWh são garantidos pela região vizinha (que inclui a geração de Itaipu).

O risco de racionamento ainda é muito baixo segundo a Copel e o ONS, pois os reservatórios do Sudeste estão em mais de 80% da capacidade. Além disso, a demanda tem crescido pouco no Sul, já que diversos setores industriais estão com queda na produção. "A situação é preocupante, mas ainda descartamos qualquer possibilidade de faltar energia nos três estados do Sul", diz Hermes Chipp, diretor-geral do ONS.

Mesmo assim, o diagnóstico de Chipp não é confortável. Ele trabalha com a possibilidade de as chuvas chegarem à região nos próximos dias, e acompanhando a média histórica. "O que já é suficiente para normalizar a situação", afirma. Se não chover, a transferência de energia do Sudeste terá de ser elevada.

Segundo a engenheira de operação do sistema da Copel, Christina Courtouke, as usinas hidrelétricas do Paraná praticamente não estão gerando para poupar água enquanto há oferta no Sudeste. "Os reservatórios já estiveram mais baixos e as condições de transmissão eram piores. Pelo menos até o início de agosto não existe indício de algum risco de desabastecimento", diz. Na Bacia do Rio Iguaçu, as barragens estão em média com 26% da capacidade. Na usina de Foz do Areia, a maior do Iguaçu, o recuo no lago da represa é visível – ele está com 33% do volume máximo. "Se não chover como o esperado, teremos que gerar mais em nossas hidrelétricas e por isso os níveis vão cair mais. Nesse caso, a situação ficaria preocupante", completa Christina.

A energia gerada no Sul corresponde a cerca de 8% do total produzido no país e pelo segundo ano seguido seus reservatórios ficam perigosamente perto do limite mínimo, exigindo maiores transferências do Sudeste.

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